Crónicas Matinais

[ segunda-feira, abril 28, 2003 ]

 

Paris, 28 Abril de 2003

Querido diário: ...nã!

Ainda não cheguei a tanto. Mas queria dizer umas coisinhas, sempre cheia de frontalidade, que é a imagem de marca cá da je.

Eu não sei ( e não me vou esforçar) colocar links aqui; nem sequer introduzir um espaço para comentário. Mas a minha amiga Tânia ( Iccima) vai fazer isso por mim, porque eu não tenho segredos, e vou dar-lhe cá a password para ela me fazer esse enorme favor! Depois podem insultar-me; ou elogiar a minha voz rouca e radiofónica; ou os meus olhos negros...ou então não dizer absolutamente nada! ...é como vos der mais jeito, que isto , em liberdade, é assim mesmo!

Mas, se eu já soubesse fazer links, este MacGuffin a bold, daria entrada no blog deste meu amigo, de quem gosto muito, e assim ficaria mais bonito. Mas, como não sei, só te posso, Mac, responder assim e, caso tenhas a gentileza de me vir cá ler, ficas a saber, meu querido, que é claro que não é porque não usas cravo que és fascista, pois se eu escrevi , também, precisamente issso . Eu também não uso cravos ao peito. E estou calma, calmíssima ...hoje! Mas no 25 de Abril fico sempre irritada com as velhas frases cá do nosso clube de direitistas esclarecidos. ;)
Já sabes, meu querido, que não entro em fundamenralismos. Nunca. E é por isso que me irrita que se fale sempre do 25 de Novembro como se o que originou isso não fosse, de facto, o 25 de Abril. Eu também faço críticas, muitas, ao PREC e afins. Também fico com pele de galinha quando me lembro das atrocidades, e escrevo atrocidades querendo mesmo usar essa palavra, que se cometeram nessa fase quente. E também odeio os ideiais comuno-revolucionários, ideiais que depressa se transformaram em doutrinas de crime. Sei isso tudo. Mas sei, também, que se não fossem os "capitães de Abril" ...enfim, tu sabes bem onde quero chegar.
Por isso não cuspo no prato que tanto nos deu. Limito-me a respeitar o espírito, sem pensar nas tropas fandangas que se aproveitaram dessa fase para se governarem e transformar o nosso debilitado Portugal numa república das bananas. Porque isso são contas de um rosário que não cabe nos festejos da liberdade, penso eu. Olha, no dia 26, por exemplo, já me parece uma altura boa para denunciar todas as atrocidades cometidas! ;) percebes, meu querido?
Lembro-me sempre de uma amiga minha, que por acaso está a viver em Pequim ( como a amiga da Charlotte) , que me dizia: Ana, eu não gosto do 25 de Abril, porque aqueles senhores que fizeram a revolução vestiam-se super-mal! E eu odeio gente pindérica! :)
É sempre nisso que penso, quando ouço os nossos irmãos ideológicos, dizerem as mesmas coisas , over and over, sobre o espírito de Abril. Como se a revolução não tivesse sido apoiada por todos os que tinham consciência; fossem de direita ou de esquerda. Ou dos extremos, que, como sabes, são iguais. É por isso que me irrito. Porque sei que, e tal como diz o meu avô, mesmo tendo ( a minha família) perdido património; mesmo tendo familiares perseguidos e espoliados por comunistas em fúria, a liberdade, essa foi real. E a liberdade é fundamental. E , com ela, pudemos fazer o 25 de Novembro. Porque sem isso, sem a coragem dos capitães, Portugal não teria renascido tão depressa. E eu fui educada a perceber isso e a não cuspir no prato em que como. E é por isso que sempre que leio , ouço, vejo, as críticas do costume, da nossa família ideológica, fico , também, com pele de galinha. Porque me irrita a cegueira que, muitas vezes, as ideologias comportam. E a nossa não é, e temos de o admitir, excepção. E porque eu gosto de pôr os pontos nos is. E porque digo sempre o que penso,seja politicamente correcto, ou não. É só isso. Nada mais do que isso.
E um grande beijinhos para ti! :) E podes contar comigo para as comemorações do 25 de Novembro! :)

Outra coisa:
O meu amigo Hank Chinaski tem um blog. E o endereço é este: http://fordmustang.blogspot.com/
E o Hank é uma das pedras mais preciosas que o Pastilhas me deu. Sou absolutamente fã do Hank; ele escreve-e sente- como poucos. E eu admito-o muito. Para mim é sempre urgente ler o Hank.

Ainda outra coisa: uma das outras pedras preciosas que o Pastilhas me deu chama-se Helena Miranda, aliás, Lena.
E a Lena, hihi, fez a pazes com o meu "blógo de notas" ( olha que bom nome que este era para um blog! vou registá-lo! )
Escreveu-me o seguinte, a minha Lena:

Foi com agrado que li a sua crónica sobre o glorioso FCP. Fiquei
extremamente comovida com as palavras genuinamente tripeiras que nos
dirigiu
(especialmente quando, mais apaixonada ainda, mostrou ganas de dar um
linguado ao Dr. Pinto da Costa).
Venho assim, por este meio, a modos que tentar reatar a nossa relação
directora de blógue - fiel consumidora.
Também eu sou uma adepta ferrenha. Não tenho camisola, mas já mandei
vir de
Itália, uma réplica da Nossa Senhora que o clube deu a Sua Santidade o
Papa.
Com os melhores cumprimentos,

Dr. Helena Miranda

p.s. O Porto é o maior, caralho!


Aqui está a resposta:
Minha boa amiga, tem toda a razão ; e quem fala assim não é gaga!
E sobre o ícone...fique a minha boa amiga sabendo que também já madei estampar essa imagem- já mística- numa t-shirt de algodão! Coisa mailinda! :)
E beijos para si!
( A minha amiga tem o blógo mais original e interessante de toda a blogosfera, fique sabendo...)

E pronto. É tudo por hora.



Ana [4/28/2003 11:10:00 da manhã]