Crónicas Matinais

[ quarta-feira, março 30, 2005 ]

 

Toca a contribuir,se fizerem favor:

Leonard Cohen a Nobel!

Ana [3/30/2005 12:28:00 da tarde]

[ segunda-feira, março 21, 2005 ]

 

Dia Mundial da Poesia & Dia Mundial da Árvore

Árvore Aberta

Dobrei teus pulsos a dura aranha
do teu corpo
a tua árvore
faca que rasgou a barreira do ventre
a tua face abrindo-se como um barco
amei-te tempestade de ossos e de nervos
contra ti
contra ti

exílio
pátria sobre o chão
e fuga

furiosa e suave lâmina animada
bebida a jactos
aranha alta e linda
enclavinhada
destilando o suor a baba o vinho a seiva
o estrépito da primavera
de uma árvore que se abre
no silêncio


António Ramos Rosa



AS ÁRVORES.

Eu espero, sim, que essas árvores cresçam. Adormeço com elas todas as noites, embalado pela sua sombra. Lembro-as de memória, sobre a relva verde. Lembro as suas folhas, caindo de noite. Mesmo as que ainda não vi, eu espero que cresçam, que me esperem, que me abriguem nesse dia em que mais precisarei delas, ouvindo o ruído do mar não muito longe. Tenho, a cada minuto, saudades dessas árvores.

Francisco José Viegas

Ana [3/21/2005 01:41:00 da tarde]

[ terça-feira, março 15, 2005 ]

 

Ah Pois!

Estão de volta os Bloscares. Versão 2005. Revista e aumentada.Trabalho fantástico, como sempre, do queridíssimo Miguel Tomar Nogueira.
E eu é que sou a gaja que faz parte do júri. Essa é que é essa.
So...
Este ano -apenas e só por isso- não ganho eu! [ eheheheh...]
Mentira.
Este ano vai ganhar a ... e o...e o prémio do júri vai para o blog....
Ai querem saber?
Pois se sim adulem-me. Mas em termos. Nada de mariquices tipo: «ai que simpática que é esta rapariga». Pfff
Quero coisas em grande!
Estou a pensar :
-« Os gajos que dão os Nobel são uma cambada de peixes cabeçudos por nunca terem agraciado a Ana Albergaria, pá!» ( o pá é fundamental! )

-« Ó Tininha, deixa lá os morangos com açucar e anda cá ler esta senhora do Crónicas Matinais para veres o que é uma mulher a sério, carago!»( o carago é fundamental!)

-« Desculpe, senhor presidente, mas se a menina Ana Albergaria diz que o BE é uma cáfila é porque é uma cáfila , e eu não posso aparecer, em público, com camelos ao lado. Queira desculpar, mas tudo menos isso!» ( o tudo menos isso é fundamental! )

-«Olha, Zeferino, tu bem te podes babar todo por essas gajas, mas em comparação com a Ana Albergaria , a Monica Bellucci é um travesti com bigode e a Eva Herzigova sai ao pai!» ( o sai ao pai é fundamental!)

Coisas em grande. Portanto.
Depois não digam que não vos avisei... [ :)) ]


Agora três coisas ainda mais sérias:

-A lista de agradecimentos está quase pronta e espero publicá-la em breve. Até lá renovo os obrigadas!

-Continuo a receber cartas ,muito boas, sobre o desafio que lancei há dias -«Liberdade de Expressão»- e espero, o mais rapidamente possível, publicar essas cartas aqui.Tenho andado sem tempo por isso a demora.

-A minha respiração voltará totalmente ao normal, se, esta noite, o meu FCP não me deixar ficar mal.

Ana [3/15/2005 11:42:00 da manhã]

[ segunda-feira, março 14, 2005 ]

 

Caraças pá...

Estava quase a conseguir levantar um braço (arranquei a perfusão à bruta ) para escrever os agradecimentos devagarinho...quando li que um artigo de jornal diz que era giro ter um governo só com mulheres e até aponta nomes. Dei com os olhos no nome Ana Gomes e voltei a enfiar a perfusão rapidamente e em força. O colapso aproxima-se. Vejo tudo negro...Agradeço depois se sobrevi...bip...bip...bip...bip...

Ana [3/14/2005 12:25:00 da tarde]

 

Declaração de Intenção

Quando me desentubarem ( a maldição da casa do Dragão!) e me desligarem da máquina que me ajuda a respirar, hei-de cá vir agradecer , de forma personalizada, a todos os que aludiram -com tanto carinho e simpatia- os 24 meses deste blog.Hei-de agradecer comovida e bip...bip...bip...bip...bip...

Ana [3/14/2005 10:56:00 da manhã]

[ sexta-feira, março 11, 2005 ]

 

( Hoje ) O Meu Coração Está Em Madrid


Ana [3/11/2005 12:56:00 da tarde]

 

( Ontem )Voltei A Innisfree



Oh, Inisfree, my island, I'm returning
From wasted years across the wintry sea.
And when I come back to my own dear Ireland,
I'll rest a while beside you, gradh mochroidhe.*


[*amor do meu coração em gaélico ]

Ana [3/11/2005 11:22:00 da manhã]

[ segunda-feira, março 07, 2005 ]

 

Entretanto este blog também fez dois anos.

Ana [3/07/2005 09:50:00 da manhã]

 

Razões para mandar a blogosfera às urtigas e alguns bloggers para o cara...enfim.

No Barnabé,claro!

Ana [3/07/2005 09:44:00 da manhã]

[ quarta-feira, março 02, 2005 ]

 

E se eu tivesse um nome gaélico?

The Lake Isle of Innisfree

I WILL arise and go now, and go to Innisfree,
And a small cabin build there, of clay and wattles made;
Nine bean rows will I have there, a hive for the honey bee,
And live alone in the bee-loud glade.

And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow,
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight's all a glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet's wings.

I will arise and go now, for always night and day
I hear lake water lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements gray,
I hear it in the deep heart's core.


[Yeats]

Ana [3/02/2005 10:50:00 da manhã]

[ terça-feira, março 01, 2005 ]

 

Já faltou mais...


Ana [3/01/2005 01:37:00 da tarde]

 

O correspondente brasileiro do "Crónicas Matinais" está de volta e em grande forma. Fala-nos de biografias, género literário que também me apaixona.
Antes de colocar a crónica de Glauco Arns Moretti, quero agradecer os e-mails que me mandam , a meu pedido, sobre o tema "liberdade de expressão" ; espero por mais , até ao final da semana ,e depois publicarei esses e-mails, essas opiniões. Concorde ou não com o que dizem. Aos que pedem anonimato fiquem descansados, transcreverei a prosa sem a assinatura. Mas não deixo de achar curioso o pedido.

E agora, com o frio de rachar que trespassa a Europa como ruído de fundo, vamos até ao Brasil:


A biografia da sua história

*Glauco Arns Moretti
Adoro biografias. E por um motivo. Sou da opinião de que a história da humanidade é o resultado dos feitos dos grandes homens. Não é novidade que as grandes realizações da história tiveram um dedo, mão, pé, cabeça ou corpo inteiro de alguém, pois afinal de contas existimos para deixar alguma marca durante a nossa existência. Sem grandes ladainhas, leitor, resumidamente, quem não faz nada de útil, simplesmente não deveria ter nascido. E dentro desta tônica, puxo com meu cérebro uma prosa diferente hoje, já que estou menos técnico e mais sentimental. Estou impressionado comigo mesmo e hoje deixo meu coração escrever. Meu Deus, será que este sou eu?
Em um livro bom pra caramba, Ruy Castro detalha a vida do Mané Garrincha, sua vida, seus lances mágicos em pernas tortas, suas loucas histórias, suas farras, sua vida de mulherengo nato, a bebida, enfim, a morte na miséria. Mas o que chamava a atenção era o desapego de dinheiro, as fugas dos treinos para rever os amigos e a simplicidade que levava durante toda a vida. Talvez não possamos ver nada de interessante na vida do Mané, mas aposto todo o dinheiro que não tenho que ele faria tudo novamente. De Fernando Morais, li Olga, que abandonou uma vida razoavelmente confortável na Alemanha para seguir por caminhos tortuosos contra o Nazismo. Poucas mulheres, e homens, tiveram a coragem e o espírito de luta de Olga Benário. Foi assassinada, depois de sofrer todas as angústias que apenas uma vida muito sofrida podia lhe oferecer. Acabou heroína, porém asfixiada numa câmara de gás. Imitando Getúlio, saiu da vida para entrar para a história. Percebeu, leitor, citei duas histórias lindas que terminaram trágicas.
Mas nem todos os grandes homens terminaram mal. No livro Chatô, O Rei do Brasil, Fernando Morais conseguiu esmiuçar a vida de uma pessoa das que eu considero mais interessante e malucas. Francisco de Assis Chatobriand. Nem que eu vivesse duzentos anos, leitor, conseguiria fazer o que fez Chatô. Aprontou horrores, fez desafetos, viu o céu e o inferno em montanhas de dinheiro, trouxe a televisão ao Brasil, mas sempre foi um cara extremamente original. E originalidade, simplesmente é tudo. Foi o que fez, Henry Ford, no ápice de sua famosidade, depois de ser o primeiro a construir um automóvel com motor a gasolina. Ford, fez algo que considero maravilhoso. Ao ser convidado pelo Presidente Franklin Roosevelt, negou um pedido de jantar com o próprio presidente e mais a Rainha e o Rei da Inglaterra na Casa Branca. E o motivo foi bastante convincente. Ele não poderia comparecer porque sua mulher tinha uma reunião no clube de jardinagem e ele teria que acompanhá-la. Inacreditavelmente maravilhoso.
Uns fazem mais, outros menos. Sou da opinião que o importante é fazer, leitor, e você há de concordar com esta coisa tão óbvia. Os grandes feitos são executados com simplicidades e ousadias. Os grandes homens venceram batalhas, inventaram remédios, construíram máquinas, lapidaram o mundo, apenas usando a inteligência. E ser inteligente também é simples. E não tenho dúvidas que inteligência, simplicidade, um pouco de maluquice e coragem andam de mãos dadas rumo a felicidade. E não sou eu quem afirmo. É o que a história nos mostra.

[ glaucoarns@yahoo.com.br ]

Ana [3/01/2005 10:24:00 da manhã]