Crónicas Matinais

[ sexta-feira, janeiro 30, 2004 ]

 

Não é que eu mereça.Mas atrevo-me a pedir à mesma.
Os comentários aqui no Crónicas não funcionam há imenso tempo. Sendo eu completamente autista em questões de informática, abro o "settings" e o "template" e fico como um burro a olhar para um palácio, ou, dito de outra maneira, como um deputado em plena AR. Quem me costuma valer, a minha queridíssima Tânia, está , pelos vistos, ausente.[ diverte-te, querida; e desculpa a minha falta de notícias!]
De maneira que não sei o que fazer, a não ser pedir ajuda ao resto do mundo. Se alguma alma caridosa me quiser ajudar eu aceito.Não tenho grande fortuna, mas terei com certeza maneira gentil de agradecer : uns carapins de lã; pois um colar de missangas; pois uma sande de queijo;etc. Alguma coisa se há-de arranjar.
Obrigada!

Err...o e-mail que está agremiado a este meu blog tem uma personalidade forte; quiçá entrou para algum sindicato e tem-me andado a fazer uma série de greves e, o que é pior, sem aviso prévio. Há horas que marcha, há horas em que pelo contrário. De maneira que, se me quiserem ajudar e, portanto, se me quiserem enviar, eventualmente, instruções [ ah, já me esquecia, as instruções têm de vir mesmo muito ex-pli-ca-das, se não eu não chego lá; obrigadinha de novo!] , usem, se fizerem favor, o e-mail alternativo : portanto o nome é o mesmo, assim muito juntinho : anaalbergaria; depois leva o arroba-@- e depois -mail; e depois o ponto-.- e depois pt! ( todo o cuidado é pouco...brrrr...tenho um medo de vírus que me pelo! )
Mais uma vez muito obrigada!

Shabat Shalom!

Ana [1/30/2004 04:35:00 da tarde]

 

E então eu pergunto-me: lanço achas? Quedo-me em silêncio? Faço de conta?
Lanço achas.
Eu gosto da blogosfera. Gosto de ler os blogs. Uma boa percentagem deles.
Às vezes enriqueço; outras pasmo...
Eu, como qualquer comum mortal , não gosto de ser contrariada. Não gosto, pronto. Afino e tal..., mas sei que é a vida. O que não suporto mesmo, mas nem morta!, é o indivíduo que , não gostando como eu (todos nós!) de ser contrariado, agarra e começa a debitar lições de moral. A apontar o dedito; a ditar regras, numa palavra: a fazer o papel de prodígio.
Sou pouco amiga dessas atitudes. E quando elas se me apresentam , por escrito, no meu ecrã ,começo a ajeitar-me no assento –despudoradamente-, quase psicótica!, quando dou com esse paleio de ideias gastas . Pronto, se a prosa sair da pena de algum bronco, algum ignaro , ainda estou como o outro.Quem não sabe é como quem não vê...
Mas se a prosa brota da pena de quem já provou não ser estúpido de pai e mãe, que apesar das libertinas crónicas já provou –noutras circunstâncias- não ser apenas um sacripantas apatetado, reajo de uma forma mais desabrida.
Cada macaco no seu galho, pá!
Já ando cá há muito tempo; muitos anos de praia e tal...para me impressionarem certos sacaninhas.
E se escrevo isto no masculino, é culpa da nossa língua, porque as sacaninhas também não me impressionam nada.
Não me interpretem mal: eu até aprecio o garbo belicoso, mas tem de ser bem feito! Mas ele não é para quem quer , mas para quem pode.
É um que afirma, com suposta propriedade, que quem não gosta de ver A, ouvir B e comer C é parvo; é outro que dita as regras de «como sofrer com classe e sensatez»; outro ainda que , sem saber do que fala-e até o confessa!- arrota postas de pescada; e não só arrota a pescada, mas também as batatas, os nabos, as cenouras e os grelos!
E quem diz outro diz outra. Haja paciência!
São pretensões absolutamente utópicas! Intrigalhada , atrás de intrigalhada; remoeres fastidiosos ; vinganças bacocas; facúndia desenfreada,enfim...
Eu sou pela liberdade. Cada qual diz o que quer , desde que se responsabilize. Agora, tudo o que é de mais é moléstia.
Eu, ao contrário do que escrevi aqui há dias, hoje não estou maravilhada; estou aparvalhada! A minha alma está parva.
Por isso que me desculpem os sensatos, e as sensatas, esta minha prosa assarapantada. Mas é que não há paciência.
Mas chega de arrazoado. Mais um bocado e ainda dizem que também eu estou aqui a pregar a moral.
E se, mais logo, mais a frio, eu perceber que é esse o sumo que sai desta minha entrada , deste meu post...penitenciar-me-ei , inscrevendo-me nessa agremiação famosa: Os lorpas também têm blogs.
Entrementes, e enquanto consigo resistir a terminar este texto com uma expressão à la "baronesa" ( ver " Fantasia Para Dois Coronéis e Uma Piscina", de Mário de Carvalho [ não me fodam!] ), deixo-vos um poema:

A história da Moral

Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado ,
Mas nem por isso me pôs
a pensar como você.

Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.

Alexande O'Neill

Ana [1/30/2004 11:53:00 da manhã]

[ segunda-feira, janeiro 26, 2004 ]

 

Tão jovem, tao bom jogador; tão injusto.
Lembro-me de Miklós Fehér a chegar a Portugal, imberbe e sempre a sorrir . Rumava às Antas onde esteve época e meia. 98/99. Não correu muito bem a sua passagem pelo F.C.Porto. Jogou 10 jogos ( recorde-se que, na altura, Jardel dominava ), marcou apenas 1 golo. 18 meses pouco felizes. O F.C.Porto, digo-o não porque fica bem, mas porque é verdade, não o tratou particularmente bem. Recorde-se também, que Fehér foi pentacampeão pelo F.C.P., de maneira que também tenho lá em casa uma camisola , azul e branca, com o nome dele. E um retrato. Dele a sorrir , claro.
Na época 99/2000 vai para o Salgueiros.Em Dezembro. Joga , salvo erro, 14 jogos, e marca 5 golos. Começa a mostrar porque é que na Hungria o consideram craque. Depois, na época 00/01 vai para o Sporting de Braga. Mostra-se no seu melhor: Marca muitos golos e mostra raça. O F.C. P. quer Fehér de volta... Fehér assim não o decide, afinal de contas, o clube das Antas não o tratou particularmente bem.
Deixa o Braga em 2002 e vai para o Sport Lisboa e Benfica. Ganham ambos. O Benfica ganha um excelente jogador; Fehér ganha confiança e pode mostrar o que vale num "dos grandes".
Corria tudo bem... até ontem.
Nestas alturas é uma palermice vir com clubismos. E se recordo o historial dele, a passagem pelo Porto , pelo Salgueiros e pelo S.Braga , antes de chegar ao Benfica, é para lembrar que ele já era nosso há muito tempo. Nosso no sentido de atleta em Portugal, a ajudar a fazer a história desportiva portuguesa. " Fez-se" em Portugal. É um de nós.

Repararam que , antes da queda,antes da morte, ele sorriu?



1979/2004. É tão triste e injusto.

Se quiserem deixar mensagens de condolências, podem fazê-lo no site oficial de Miklós Fehér

Ana [1/26/2004 10:50:00 da manhã]

[ terça-feira, janeiro 20, 2004 ]

 

Quer dizer, eu também sou gaja para escrever no " Expresso". E depois?
Agora que já arrumei a actualidade, vou debruçar-me sobre um assunto realmente importante e que carece de toda a vossa atenção: o Tulicreme!

Não sei se vocês são todos viajados, mas se são, e se passam pelos países que os portugueses escolhem como segunda pátria, sabeis, com certeza, que há uma série de produtos nacionais que acompanham os portugueses para todo o lado: A cerveja Super-Bock; o Sumol; os sumos Compal; o Mateus-Rosé; o garrrafão com vinho da Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião; os biscoitos finos da Triunfo; as bolachas de baunilha, também da Triunfo;as bolachas Maria e Torrada ( várias marcas) ; Línguas de Gato ( julgo que da Triunfo também) chocolates Jubileu; as massas Milaneza ( especialmente as variedades: letras, pevide, estrelinhas, meada e aletria ) ; as conservas de leguminosas Compal; as azeitonas Maçarico; os pudins instantâneos Boca-Doce; o pudim flã Micado; a farinha Branca-de-Neve; as sardinhas em lata ( várias marcas); o atum Bom Petisco e General; o queijo flamengo ( bola,de casca vermelha, de várias marcas ); o azeite Galo; o óleo Fula; o bacalhau; enchidos vários...a couve penca, nabiças e espigos e, claro, as linhas de crochet Aliança.
Não há sítio onde vivam portugueses que não tenha à venda estes maravilhosos produtos.
Eu acho bem e sou cliente. Mas em lado nenhum , fora de Portugal, se pode encontrar essa instituição nacional que dá pelo rótulo de Tulicreme.
Sou do tempo em que o Tulicreme era só de chocolate, ou cacau, melhor dizendo.
Desde há uns anos que também há a versão caramelo, mas o sucesso é mesmo o sabor chocolate.
Aquilo é uma maravilha. Cremoso, docinho, fácil de barrar! E o urso? Tão giro o ursinho!
E a cantiguinha? « É Tão bom, tuli, tuli, tulicreme!»
Fora de Portugal é impossível comer um pãozinho com Tulicreme. Em França, por exemplo, comer um pão com creme de chocolate-só chocolate- é mentira!
É tudo corrido a Nutela, uma merda de um creme que só sabe a avelãs. E se há fruto seco que eu não suporto é a puta da avelã.
Desculpem lá a frontalidade.
Os comedores , muitos deles à força, de Nutela não sabem que existe o Tulicreme.
Tá mal. É criminoso. Massas, grão, cerveja, vinho, queijo, atum , sardinhas e bolachas também os outros têm! Por isso só os portugueses compram os produtos já citados.
Agora Tulicreme, em sendo bem promovido, é um negócio da China, carago!
Vamos todos pensar nisso, se fizerem favor!




Ana [1/20/2004 03:12:00 da tarde]

 

Agora a sério! Fico maravilhada com a inteligência generalizada que escorre dos nossos blogs. Dos lusos.
Fico não: estou! Estou maravilhada. A Sério!
Eu, que sempre pensei que não era estúpida de todo, fico esmagada. Que sei eu? Olha...só sei que nada sei...e... E fico-me por aqui.

Entretanto , sempre vos conto o discurso mais , como direi?, surrealista, que ouvi nos últimos tempos ( sim, não vejo a TVI! ).
Bom, estava eu a conviver com conterrâneos , eu e a minha queridíssima amiga Su, quando diz um patrício : - «Eu cá não gosto nada de ver filmes desses que a televisão dá! E não gosto porque aquilo é tudo a fingir. Por exemplo, as armas são todas falsas, o sangue também...e as mortes não são verdadeiras!»
Quer dizer...a malta ficou a olhar para o senhor e achou melhor não dizer nada. O homem lá tinha a sua razão ( cada um sabe de si, não é verdade), e é muito difícil manter uma ar sério nestas circunstâncias, de maneira que eu também não disse nada; calei-me que nem um rato, sem conseguir olhar nos olhos a minha amiga, não fosse uma de nós rebentar...a rir.
Aquilo passou-se. Reinou o silêncio durante uns larguíssimos minutos e, de repente, diz o mesmo patrício:
- «Por acaso uma vez até vi um filme que gostei!». Todos viramos as nossas cabecitas , com olhinhos, para o senhor e , nervosos, esperamos pela pancada, i.e., pelo filme.
E ele continuou: - « Aquilo era uma história com uns animais muito antigos...eu sei lá, eram animais para ter para cima de 100 anos! Animais grandes e maus. Maus como as cobras. E feios!» Engolindo em seco, todos nos mantivemos em silêncio à espera de mais pormenores. Eles vieram: - « Não viram assim um filme? Com uns animais antigos...assim tipo...tipo...galinhas!?»
Nenhum de nós tinha visto. Pelo menos que nos lembrássemos. Não; não tinhamos sido agraciados com esse filme com animais velhos, com, pelo menos, 100 anos...e tipo galinhas grandes!
Um de nós, mais afoito, lá pediu ao senhor para se tentar lembrar de mais pormenores do filme. É que a nossa curiosidade era total.
O senhor- via-se claramente- puxava com afinco pela "alembradura". Julgo não mentir , se afirmar que o crânio do senhor chegou a deitar fumo.
Pensou...pensou...e chegou lá!
- « Dinotérios!»
- «Acho que esses bichos são Dinotérios!»
...


[Desculpem. Desculpem mas este relato –fiel- fica por aqui. É muito difícil conciliar convulsões com o exercício da escrita; e eu ainda estou adoentada.]





Ana [1/20/2004 03:06:00 da tarde]

 

A culpa é vossa. Dão-me conversa; pedem-me que escreva...e eu escrevo.
Não percam, já a seguir, dois delírios. Quer dizer, ambos são a mais pura das verdades, mas pronto.

[ Era mais bonito, como fazem alguns dos cidadãos ,e das cidadãs , mais bem educado(a)s da blogosfera, enviar um e-mail personalizado a informar que estou de volta. Mas sou tão preguiçosa...]

Ana [1/20/2004 02:56:00 da tarde]

[ quinta-feira, janeiro 08, 2004 ]

 

Uma das vantagens de entrar em período de convalescença, é poder ficar -todo o dia- a vegetar, sem que isso seja criticável.
Para mim vegetar é ver televisão. E é isso que tenho feito.
A Nova 2, como contratou aquela rapariga que "modera" aqueles debates tontos do "É a cultura, estúpido!", nem a ligo; a RTP 1, enfim...à tarde ...
Bom, a SIC e a TVI , na minha casa, não existem. A não ser a SIC Radical, e a Gold ( séries antigas e boas ); e, por causa do " Sexo na Cidade", a SIC Mulher também marcha. Mas, claro, nenhum canal bate, em termos de qualidade, o "People+Arts", o "Odisseia" e o "História". Só que , com nenhum destes três, se pode vegetar.
É por isso que me tenho dedicado-com afinco outrossim- a ver , à tarde, a BBC PRIME. É óbvio que a BBC é a melhor estação de televisão do mundo; mas este canal PRIME, sendo virado parao entretenimento, já permite vegetar um bocadito.
Depois de almoçar, estendo-me então no sofá e começo a vegetar. Confesso, no entanto, que nem toda a minha actividade vegetativa é negativa. Fiquem pois a saber que, graças ao " Bargain Hunt" , já ganhei ( virtualmente, claro) umas 25 libras; isto porque tenho feito melhores negócios que as equipas que lá têm ido;e graças ao " Ready Steady Cook",aprendi a fazer uma sopa de mexilhões muito original e "choux pastry". Mas vegetar, vegetar é a seguir, com o impossível "What Not To Wear"!!!
Pronto; esta parte está despachada.

Falando agora de coisas sérias, o livro " Fantasia Para Dois Coronéis E Uma Piscina", de Mário de Carvalho, é o melhor livro -Português- que li nos últimos dois anos.
Se por cada bolsa de criação literária concedida pelo IPLB, surgisse um livro assim...
Mas não. Esta " Fantasia" é apenas a excepção que confirma a regra.

Ana [1/08/2004 07:09:00 da tarde]