Crónicas Matinais

[ quinta-feira, julho 31, 2003 ]

 

Os peixinhos que vou comprar para os meus gatos brincarem:




[ Não, Eduardo, este é para os meus gatos; o próximo é que é mesmo para ti. :)]

Ana [7/31/2003 11:37:00 da manhã]

 

O meu Umbigo ou se não quiserem ler não leiam

Sou uma ilha. Rodeada de notícias. E é por isso que, no blog, espaireço.
Quer dizer que fujo da actualidade , quase sempre. Uma ou outra efeméride ainda passa ( gosto delas); um ou outro comentário político até sou capaz de fazer; assim como comentar algum dado/facto importante de política internacional . Mas gosto do blog -tal como gosto do meu Pastilhas , porque posso divagar; porque não preciso de seguir uma agenda nem tenho de seguir regras editoriais.

Claro que adoro o carácter informativo da maioria dos blogs que elegi ; mas eu, eu prefiro ficar assim à margem. Tipo gato escondido com rabo de fora.
Isto porque sabe tão bem, para quem ganha a vida a falar e a escrever, fazê-lo assim quase levianamente. Sem regras. Pelo menos a mim sabe-me bem.

Escrevo isto, não só porque me apetece, mas porque recebi um e-mail de um leitor do meu blog, um leitor que é, não direi um amigo, mas um bom colega ( que ainda não tem blog ); com quem já me encontrei várias vezes em situações de trabalho, algumas bem difíceis.
O P.M. diz que eu pareço, no blog, um bocadinho fútil .

P. , meu amigo: Graças a D-us! Hihi, sabes como eu sempre fui considerada a chata-intelectualóide-de serviço, não sabes?
Pois eu fartei-me. Gosto de rir e de brincar. Olha , agora sou assim como aquele tipo de carne de porco que metade é gordura, a outra metade carne. Entremeada. Podes chamar-me entremeada ! :)
E além disso, e como sabes, não tenho de provar nada a ninguém, certo?

Também recebi uma reclamação amorosa e amiga do meu querido colega pastilho-bloguista Eduardo. O Edy , com uma ternura imensa, quer ajudar-me. Isto porque cuida que eu não tenho colocado imagens no blog porque estou sem a minha queridíssima "engenheira" ( é , na realidade uma arquitecta promissora ) informática, a Tânia, que está de férias.
Não, querido Eduardo! Hi hi.
Ela é, de facto, o meu anjo-da-guarda ; mas eu não tenho colocado imagens cá porque não me tem apetecido e, como todos os seres egoístas e maus, eu só faço o que me apetece! :)

Mas, estive a ver o blog e, de facto, isto anda mesmo sem cor; pelo que o próximo post vai ter imagens e é dedicado a ti!


Ana [7/31/2003 11:26:00 da manhã]

 

Bom dia!

Dizem que há dias em que uma pessoa não devia sair da cama. Pois eu digo que há dias em que uma pessoa não deveria sequer lá ir; à cama!

Está uma pessoa muito cansadita e tal, depois de uma estucha ( tive de ir a Bruges ) , chega a casa, rega as plantas, dá de comer aos gatos, lê a correspondência mais recente,telefona a quem mais ama; depois abre o frigorífico e come um queijo de cabra -inteiro- e , depois, alapa-se no sofá a olhar para os pés !
Nisto uma pessoa começa a bocejar e olha para a cama, ali, fresquinha, a chamar pela gente...
E vamo-nos a ela!

Chega-se lá, à cama, enfiamo-nos dentro dos lençois ( em pelo ), suspiramos de prazer...fechamos os olhinhos e, quando estamos mesmo quase a olhar só para dentro, não é que começamos a sentir umas comichões estranhas?
Bom, não é incomum uma pessoa sentir-se comichosa na cama... mas, sozinha e com lençois lavadinhos e frescos? Nã...

Levanta-se então os lençois, espreita-se e o que se vê?
Um exército de formigas -avermelhadas- a aventurar-se pelas nossas perninhas ( e não só ) acima...e mais um ou outro insecto que, à primeira, não reconhecemos.

E, claro, desatamos aos berros e a coçar tudo o que as nossas mãos alcançam!
Mais: enchemo-nos de coragem e puxamos os lençois para trás...e o que vemos?

Vemos um cabrão de um pedaço de carne ! Os ingratos , os pulhas, dos meus gatos esconderm um pedaço de carne -da que lhe damos para eles se alimentarem- dentro da nossa cama!!! Filhos da P***!

É que a carne ( de lata ) está coberta daquela gelatina que, ao que parece, é adocicada e as formiguinhas e outras bestas pelam-se por isso!

De maneira que, em vez de olhar para dentro, olhamos para fora; não só da cama...mas de casa e pomos os gatos ao relento.
Não sem antes- e armados em heróis- tentarmos torcer o pescoço aos gatos! Erro. Erro crasso.

Resultado: um dedo mordido; dezenas de arranhões nos braços, pernas e colo!

E descanso de grilo!

Raios me partam se hoje não for comprar um aquário!

Ana [7/31/2003 10:22:00 da manhã]

[ terça-feira, julho 29, 2003 ]

 

Coisas Sérias

Estou a escrever desde há muitos meses , uma espécie de tratado (modesto) sobre Dante Alighieri; mas essencialmente o homem político. E, digo eu, que homem político que ele tentou ser!
De maneira que, se algum de vós, caros amigos e colegas da blogosfera, quiser ajudar-me , podem enviar-me -ficarei eternamente agradecida- elementos que pensem ser relevantes. É que cheguei à conclusão-espero eu que errada- que já escarafunchei todos os elementos possíveis e disponíveis. E parece-me curto. Já falei , inclusive, com descendentes tanto de Neri como de Bianchi, que possuem escritos preciosos sobre essa época conturbada do Partido Guelfo. Li vários escritos de outros cripto-gibelinos e sobre o exílio. E , claro, já me fui pavonear à fonte, que é como quem diz a Florença.
Uma vez, em desespero de causa, até imitei Dante e enviei uma missiva ao principal arquivo histórico de Florença assinando "florentina injustamente desterrada" mas os tipos não acharam graça e nunca me responderam. E o Vaticano também , através dos seus serviços de PR também me mandaram dar uma valente curva ao bilhar grande; o que eu entendo porque como se sabe Dante nunca foi muito à bola com Papas ( o plural é figura de estilo) nem com as intromissões da Cúria na política.

Como foram tempos de grande balbúrdia esses , no século XIV, ainda me lembrei de-como a balbúrdia continua- pedir ajuda ao Berlusconi. Mas não tenho a certeza se ele sabe quem foi Dante ...

Como Maquiavel também está indisponível...pensei em vocês!
[
agora a sério, se tiverem elementos, e se puderem dar a esse trabalho, eu agradeço!Cito fontes ]

Agora livrinhos para ler ou reler:
Destaque
Uma Pantera na Cave - Amos Oz ( Sim, claro que a história se desenrola em Israel. Em Jerusalém. No último ano do mandato britânico na Palestina, ou seja, 1947. ) É um livro para ser lido sem preconceitos ou juízos de valor. Mas é para ser lido.
( De Amos Oz também me parecem fundamentais os livros: "A Terceira Condição" e "Não Chames à Noite Noite". Em Portugal , penso eu, foram todos editados pela Asa.)

Mais livros
As Vozes de Marraquexe ( Publicações Dom Quixote) e Auto de Fé ( Edição Livros do Brasil) - Elias Canetti ;

The Conservationist - Nadine Gordimer ( não sei se há edição portuguesa);

A Casa Das Belas Adormecidas- Yasunari Kawabata ( Assírio & Alvim ).

E por ora já chega. Amanhã é outro dia.







Ana [7/29/2003 05:14:00 da tarde]

 

Leio no Aviz sobre o Amor. Sobre o tema nos blogs.
Gostei do poema, das frases e das ideias. E só posso dizer que, sobre esse tema, também me invade, quase sempre, um imenso pudor.
Mas, por outro lado, não está o Amor em tudo o que dizemos, sentimos, pensamos ou escrevemos?

Leio, ainda noAviz ,que o Sionismo, Israel e a Palestina continuam , ainda e sempre, motivo para troca de ideias e, até, de alguns "galhardetes".
Gostava de dizer que concordo -quase em absoluto- com as opiniões do Francisco José Viegas.
E gostava também de dizer que, mesmo podendo ser polémica, estou farta de ler e ouvir tantos "especialistas" em Médio Oriente , que nunca lá puseram os pés e sentiram, na pele, o que realmente se passa.Nem sequer falaram com representantes desses povos do Livro à séria. Que nunca sentiram o medo. Que só viram os horrores na televisão entre uma garfada de arroz e uma queca na mulher.
Que usam os argumentos históricos sem os relacionar entre si. Sem perceber que o maniqueísmo é datado no tempo e não se aplica à realidade nua e crua. Estou farta de Manes de pacotilha.

Blogo-esfera - Agradecimentos e beijinhos ( com algum atraso) para :
O João; O Mário; o Victor;
a Rita; O Jorge; O Rui e para estes amigos Doendes e Duentes.

Agradecimento também ao Carlos porque já voltou de férias! ( Acho que o meu amigo L. tem razão quando diz que somos -quase todos- na blogosfera , muito previsíveis e pouco originais; é que ele diz que lemos todos os mesmos livros...e pelos vistos não se engana muito...hihi )

Muito Obrigada!





Ana [7/29/2003 01:27:00 da tarde]

 

Le Freak C'est Chic

Não faltam na blogosfera relatos sobre Paris. Porreiro. Isso poupa-me a estucha de ter de falar dessa cidade onde vivo , mas que não amo.
Mas, às vezes, e quando me canso de procurar imagens bonitas ou posters de filmes para colocar cá no blog, apetece-me também contar pequenos episódios; cenas da vida parisiense.

Sei dizer que ontem fui jantar fora com uns amigos que chegaram de Portugal e que me levaram a um restaurante que eu simplesmente adoro : o Maxim's!
Escusado será dizer que , tirando os preços, lá tudo é quase perfeito. E que é bem frequentado; whatever that means.

A mesa ( reservada pelos meus amigos com a devida antecedência) onde nos colocaram era uma maravilha; não porque fosse feita de alguma madeira especial, não; mas porque ficamos estrategicamente colocados , ou seja, viamos todos os que entravam e saiam. Óptimo para quem gosta de ver e ser visto. E eu, admito, às vezes também preciso de me sentir fútil; sempre sou uma mulher, que caraças!

De maneira que entre o foie gras e o queijo de cabra quente com nozes, fartei-me de ver "estrelas".
Gente do cinema e do teatro, políticos,criminosos de alto gabarito, putas de fama internacional, etc.

A nossa conversa ,à mesa , como podem imaginar, girava em torno dessa gente mediática que, normalmente, me entedia de morte ou não fosse eu obrigada a lidar com esse , como dizê-lo...gado, por razões profissionais. Tinhamos, eu e esses amigos, umas questões importantes a tratar; questões culturais e diplomáticas , mas a futilidade , a frivolidade, ganhou.
E, portanto, acabamos por discutir -apaixonadamente- as tais figuras mediáticas que cintilavam no Maxim's ontem à noite.
Dos trapinhos aos penteados , do porte das mamas ao tamanho dos rabos...marchou tudo! Por momentos senti-me uma colunista social !

Estou em crer que ( perdoa-me mãezinha) utilizei mesmo expressões como " Ai que máximo! " ; " Super-gira!"; " Absolutamente fabuloso!"; "Definitivamente In !".
Pronto. Admito que se me parou o cérebro. Não sei se foi o Glamour excessivo se o que foi, sei é que , por minutos, me tornei num desses seres odiosos que não têm nada dentro do crânio.
Da bebida não foi porque, como os meus amigos sabem, sou totalmente abstémia.
Talvez fosse da água, sei lá! ( Ai,disse ( escrevi) sei lá!, querem ver que a estupidez ainda cá está ? )
Bom, das inumeras personalidades que estavam no restaurante , umas cinco ou seis vieram cumprimentar-me.
Atenção que era malta ligada aos livros e à cultura com C maiúsculo , que eu -fora o trabalho- não costumo frequentar. Mas, enfim, é gente bem educada .

Comentários dos meus amigos : " Pois, estes teus conhecidos até podem ser muito cultos e interessantes , mas...tão mal vestidos! Parecem maltrapilhos; parecem freaks!

Ao que eu respondi,com o nariz o mais arrebitado que me foi possível: Le Freak C'est Chic!

E pronto, aqui fica registada a comédia de costumes deste verão. Não me peçam mais que não tenho talento para estas coisas. Um dia por ano com o cérebro totalmente parado já chega, não?


Ana [7/29/2003 11:22:00 da manhã]

[ segunda-feira, julho 28, 2003 ]

 

E então vamos abrir a porta e aparece-nos um senhor com cara de quem vende calendários, porta-a-porta, mas que afinal é o senhor que conta a luz e,estremunhados, lá lhe dizemos para entrar; e o senhor entra e olha para nós, e nós tentamos esconder as pernas que temos dentro de umas cuecas velhas, mas muito confortáveis, com a t-shirt manchada, mas de estimação, que puxamos ( sim, isto é presente do indicativo) o mais para baixo possível. E,armados em seres invisíveis, deslizamos até ao quarto deixando o senhor a abrir a porta do armário onde está o contador da luz e, já dentro do quarto, tentamos encontrar um robe decente ( que , afinal, já não mora lá em casa -onde estará? ) , esfregamos os olhos que nem sequer tivemos tempo de lavar, enfiamo-nos numas calças velhas e o cabelo num elástico e vamos para a beira do senhor, que isto nunca fiando.
E, de repente, começamos a sentir uma necessidade absolutamente urgente de fazer xixi, mas -malditos arquitectos- o contador da luz está mesmo colado à casa-de-banho, e a porta do palácio das necessidades não fecha, está estragada ; e começamos a apertar as perninhas , disfarçadamente, e começamos a tentar distrair o nosso cérebro dessa necessidade urgente e, armados em parvos, começamos a falar ao senhor; conversa de circunstância. E mal dizemos a primeira frase, percebemos que foi um erro terrível, porque o senhor é dado a conversas e conta-nos logo a sua vida toda, desde os seus tempos de menino em Freixo de Espada à Cinta , ao seu casamento em 1963; passando pelos tempos de namoro. E depois o nascimento do primeiro filho; depois do segundo...e mais tarde do terceiro. E depois conta-nos como foram difíceis esses tempos e que, porque o trabalho era muito e pesado, tanto ele como a mulher foram ficando doentes, com várias doenças . E depois pormenoriza as operações, tratamentos e medicação...e quando já está a contar-nos como foi difícil a segunda operação à perna esquerda-dele, e às varizes -dela , nós começamos a sentir que nos tranformamos numa espécie de garrafa que enche, enche...enche ...e parece que nos estamos a metamorfosear num enorme penico , perigosamente cheio, que -em breve- vai explodir...
E já só conseguimos abanar a cabeça -dizer palavra é mentira- porque abrir a boca exige um esforço sobre-humano e porque se abrirmos a boca entra ar, e , mesmo sem perceber patavina dos fenómenos da natureza animal, sabemos que a entrada de ar provoca uma pressão insuportável nas nossas bexigas ...
E abanamos a cabeça e apertamos as perninhas de tal forma que a circulação sanguínea pára ; e nós começamos a ver tudo a andar à roda, à roda ...e sentimos que estamos a entrar em coma e que já não podemos aguentar mais e, de repente, nada mais importa e deixamo-nos explodir !...


E então percebemos que os lençois estão escandalosamente molhados e que estamos atrasados ! E levantamo-nos de um salto, novamente estremunhados , e com um dilema :
Mudar os lençois ou deixar o serviço para a nossa empregada , visto que estamos terrivelmente atrasados ?
Deixar a nossa empregada imaginar que nos dedicamos ao golden shower, ou tomar um duche a correr e ir embora porque temos de lutar contra o tempo que já não volta para trás?
E pensamos- deixa-se os lençois! Mais vale golden shower do que alguém imaginar que com 32 anos fazemos xixi na cama durante o sono!
E lá nos esfregamos bem no duche e nos vestimos a correr - preocupadíssimos com noções alternativas de wet dreams- e agendamos, mentalmente, uma vistoria atenta à secção Tena Lady do supermercado.

E , já prontos, lembramo-nos que isto já não nos acontecia desde os 6 anos de idade e que, se calhar, foi um incidente sem importância; uma vez sem exemplo; apenas e só isso. E até nos rimos.

E depois contamos isto a toda a gente!

Ana [7/28/2003 10:29:00 da manhã]

 

monday

Yesterday it was farewell again,
In the morning the linen still exhaled your smell
Chocolates, half-full glasses, adorn the floor
Behind the curtains a morbid grey sky

Listening to the noises of a city still half asleep
On the way to the airport just Monday faces
My hand holds the suitcase but still feels your wrist
As never before I contain the mist in my eyes
Waiting for the flight to nowhere

I used to think of life as a melody,
But I feel incapable of returning a smile
I have been disguising pain for far too long
And increasingly I merely miss being innocent.


M.Daedalus


Ana [7/28/2003 09:58:00 da manhã]

[ quinta-feira, julho 24, 2003 ]

 

Bom dia!


Não sei como está aí ( seja o onde for) o tempo, mas aqui está feio, cinzento, chuvoso e algo frescote. E pensar que estamos quase em Agosto....

Bom, sempre que me levanto com o nevoeiro a pairar sobre a minha cabeça fico algo angustiada. Não é que não goste de nevoeiro, pelo contrário; sou do Porto e sei como a neblina pode ser mágica. Mas a angústia cá fica.
De maneira que, quase sempre que a sinto, me lembro de certas histórias que vivi ou li.
E hoje lembrei-me de um romance -excepcional- de um escritor maior do Brasil ( as posições politico-ideológicas dos escritores que amo são-me totalmente indiferentes) ; lembrei-me do Angústia de Graciliano Ramos.
Gosto muito de todos os livros que li dele , mas este Angústia é o meu favorito.
Primeiro porque me agradam as viagens ao mundo interior obscuro dos seres humanos; depois porque a personagem principal- Luís da Silva- é o perfeito retrato da raiva, da angústia, da inveja, do ciúme e da vingança.
E porque me faz lembrar( todo o livro) um poema. E também me faz lembrar Dostoyevsky.
O livro fala de sonhos e de pesadelos; de ressentimentos profundos ; de enorme sofrimento e desespero. Da loucura como "justificação" para o crime.
De como o Amor, ou a falta dele, transforma o ser humano.

Raios me partam se este livro não é uma obra prima!

É um livro obrigatório.

E por falar em leituras : hoje vou começar a ler um autor que já deveria ter lido há dezenas de anos mas que nunca li . Lovecraft, Howard Philips Lovecraft.
Descobri na minha livraria preferida , aqui em Paris, a Shakespeare&co, uma edição em segunda mão dos " Contos Sobrenaturais". Brrrr
Lá vou eu sonhar com monstros, vampiros, espectros ...
Já vi vários filmes e séries de TV inspiradas mas "personagens" de Lovecraft, mas confesso que nunca bebi da fonte. Se amanhã estiver mais esquizo e misantropa do que o costume...a culpa é dele!

Também , se ficar mais esquizo, nem tem grande mal...assim posso degolar , sem grandes problemas morais, dois colegas espanhois que cá tenho a quem emprestei ( são um casal ) o meu "Studs Lonigan" de James Farrel e que os filhos de uma grande cabra me perderam!
Grrr

Depois farei aqui uma dissertação , tentando provar por A mais B que se pode emprestar tudo aos amigos e colegas- incluindo filhos, mulheres, homens, namorados e amantes- menos os nossos livros.

E depois também vos posso contar como vai a saga televisiva da Nile TV...
Diz que a Mila, afinal, também anda metida com o marido da Fhatima...a puta!

Ana [7/24/2003 11:39:00 da manhã]

[ quarta-feira, julho 23, 2003 ]

 

Bom dia!

Nada como começar o dia a cantarolar! E a dar um pezinho de dança, claro! Convém é não o fazer com uma caneca de chá quente na mão...

Bom, já estão mais dois ases fora do baralho; na Libéria é o que se sabe ( tem graça ( se é que se pode falar em graça quando se fala na Libéria) a maneira como agora anda tudo a chamar pelos EUA para irem lá resolver a coisa, porque os franceses- esses grandes paladinhos da paz- não dão conta do recado ; what else is new...);a BBC diz que tem uma gravação de David kelly que sustenta as suas acusações ao governo; a senhora Blair nunca teve aulas de canto ; o Ferro Rodrigues , coitadinho, continuou a ter o telefone sob escuta; a maioria está a poderar a substituição de Celeste Cardona ,por motivos de saúde e, na calha, volta a estar Luís Nobre Guedes ou mesmo Marques Mendes; em S.Tomé as negociações não atam nem desatam ;ontem um pequeno incêndio no "terceiro andar" da tour Eiffel assustou, mas não muito, cerca de três mil pessoas que por lá andavam a suar ; a Eta não está de férias; o duelo Lance Armstrong / Jan Ullrich é tão quente como o Verão; Ian Thorpe nada mesmo rápido, e bem como o caraças; o filme "Influences" com Al Pacino, Kim Basinger e Téa Leoni é uma boa pessegada; e a televisão estival é uma merda em todo o lado.
Excepção feita à Nile TV!
Esta estação de televisão do Egipto é uma pérola!
Ontem estive a ver um bocadito de uma série local, que já dura , pelos vistos, desde a primeira construção da biblioteca de Alexandria. É uma saga familiar muito jeitosa, com egípcias mais maquilhadas que a própria Cleopatra.
Verti duas lágrimas quando a Fhatima disse a sua irmã, a Mila (sic) : ( vou traduzir porque nem todos entendem este estrangeiro)
- Mila, in sha allah não te arrependas de me ajudar a fugir ao meu marido que, como sabes, tem para cima de dez amantes e é feio como o raio!
E diz-lhe a Mila:
-in sha allah ...

E pronto. Reconciliei-me com a televisão por satélite.

Sem ser por satélite, ando encantada com o "Quem quer ser Milionário?" ; versão francesa.
Há dias ( ontem não vi, porque estava entretida a ver a Nile TV ),no " Qui veut gagner des millions?", à pergunta " Em que continente se situa a Islândia " o concorrente pediu a ajuda do público;
À pergunta : " O que significa WWW?" uma outra concorrente, bastante jovem, telefonou para um amigo que é engenheiro informático...
Enfim; eu gosto é do Verão.



Ana [7/23/2003 11:57:00 da manhã]

 

Pick yourself Up

FRED:
Please teacher, teach me something.
Nice teacher, teach me something.
I'm as awkward as a camel.
That's not the worst.
My two feet haven't met yet.
But I'll be teacher's pet yet,
'Cause I'm going to learn to dance or burst.

GINGER:

Nothing's impossible, I have found.
For when my chin is on the ground,
I pick myself up, dust myself off,
Start all over again.

Don't lose your confidence if you slip.
Be grateful for a pleasant trip,
And pick yourself up; dust yourself off;
Start all over again.

Work like a soul inspired
'Til the battle of the day is won.
You may be sick and tired,
But you'll be a man, my son.

Will you remember the famous men
Who had to fall to rise again.
So take a deep breath;
Pick yourself up;
Dust yourself off;
Start all over again.

FRED:

I'll get some self assurance >
If your endurance is great
I'll learn by easy stages
If you're courageous and wait.

To feel the strength I want to,
I must hang onto your hand.
Maybe by the time I'm fifty,
I'll get up and do a nifty.

(dance )

Pick yourself up; dust yourself off;
Start all over again.




[Jerome Kern, Dorothy Fields]

Ana [7/23/2003 10:46:00 da manhã]

[ segunda-feira, julho 21, 2003 ]

 

Fhir tha 'd sheasamh air mo lic
Bha mise mar tha thu 'n dra\sd;
'S i mo leaba 'n diugh an uaigh,
Cha-n 'eil smior no smuais am chna\imh;
Ged tha thusa la\idir o\g
Cha mha\ir thu beo\, ged fhuair thu da\il;
Gabh mo chomhairle 's bi glic,
Cuimhnich tric gun tig am ba\s.



Caochladh beatha th' ann 's cha bha\s,
Le beannachadh gra\smhor buan;
Gach neach a ni\ a' chuid as fhea\rr,
'S math an t-a\it am faigh e dhuais;
Cha bhi 'n t-anam ann an ca\s,
Ged tha 'n corp a' ta\mh 'san uaigh
Gus an latha 'n tig am bra\th
'S an e/irich sliochd Adhaimh suas.



Cha-n 'eil bean no duine beo\
No la\nain pho\sda nach dealaich;
Bha iad li\onmhor, sean is o\g,
Ar luchd-eo\lais nach 'eil maireann;
Cha b' e sin an t-adhbhar bro\in
Bhith 'gan cur fo 'n fho\id am falach,
Nam biodh am ba\s 'na bha\s glan
Cha bu cha\s talamh air thalamh.



Ghabh mi nis mo chead de 'n t-saoghal
'S de na daoine dh' fhuirich ann;
Fhuair mi greis gu sunndach aotrom;
'S i 'n aois a rinn m' fha\gail fann;
Tha mo tha\lantan air caochladh,
'S an t-aog air tighinn 'san am;
'S e m' athchuinge, air sga\th m' Fhear-saoraidh,
Bhith gu math 'san t-saoghal thall.


[ Duncan Ban

Ana [7/21/2003 02:34:00 da tarde]

[ sexta-feira, julho 18, 2003 ]

 

Obrigada!

Continuo a dizer: a blogoesfera está cada vez maior...e melhor!

Há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia, na quieta melancolia dos pinheiros do caminho... quando me apeteceu ir ao e-mail.
Tinha uma nova mensagem a piscar, a bater no meu ecrã, acabadinha de chegar, de mansinho; discreta...perguntei-me:
Quem bate ,assim, levemente,com tão estranha leveza? Não é chuva, nem é gente ; nem é vento com certeza.
Fui ver...era um blog!

Ou melhor, um e-mail que me deu a conhecer um blog novo ( pelo menos para mim que sou distraída) ; É o blog de J.A., HardBlog.

No e-mail , J.A. envia-me um texto . Diz que, e passo a citar : Sobre o bloguismo Fernando Pessoa disse:


“Invejo – mas não sei se invejo – aqueles de quem se pode escrever uma
biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo,
nem
desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem
factos, a
minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada
digo, é
que nada tenho a dizer.
Que há-de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu,
ou
sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade, e no outro
não
é de compreender. Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre
de
sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância.
Faço
paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações.”



Que grata surpresa! Muito Obrigada! E bem-vindo à blogosfera!

Ana [7/18/2003 02:41:00 da tarde]

 

Blogo-esfera (MENOS)

Acho graça quando leio blogs, não propriamente anti-blog, mas anti-certas-maneiras-de-estar-nos-blogs. Há até quem se entretenha a fazer listas de comportamentos.
Essas listas, grosso modo englobam sempre comportamentos com altos índices de negatividade.
Ora, eu pergunto: se os comportamentos nos blogs são A, B, C, ou D, e se A, B, C ou D correspondem a umbigismo, vontade de aparecer, exibicionismo ou arrogância, por exemplo , onde encaixam os senhores e senhoras dos blogs que apontam esses comportamentos?

Vejo este "fenómeno" de apontar o dedo da mesma forma que sempre vi o "fenómeno" dos portugueses que estão sempre a dizer mal de Portugal e dos portugueses em geral. Como se não fossem eles também cidadãos lusos e, por consequência, responsáveis de igual forma. Pelo que está bem e pelo que está mal.

Acho graça , por exemplo, a quem levanta a voz ( o teclado) para dizer , com desprezo, que há detentores de blogs que estão nisto para se mostrarem , para serem olhados , como dar a conhecer o que pensam e o que defendem. Como se , estando a escrever isso, não pretendessem a mesma coisa.

Custa alguma coisa admitir que, no fundo, queremos todos repartir? queremos todos ser ouvidos e ouvir?
Custa alguma coisa admitir que, no fundo, gostamos de gostar dos outros e que gostem de nós?
Custa alguma coisa admitir que somos todos humanos e, por conseguinte, cheios de defeitos e com algumas qualidades? E que isso está à vista nos blogs, porque é a realidade da existência?

Por muito que, como humana que sou, não goste quando me criticam ( ninguém gosta ), tenho de aceitar ; porque faço exactamente o mesmo. E é assim a vida e sempre será e não me venham cá com tratados filosóficos e meditações transcendentais . Sempre me irritou quando se complica o que é fácil; mesmo quando sou eu a fazê-lo.
Agora, cuspir no prato onde se come...não!


Blogo-esfera ( MAIS)

Eu sei. Estou sempre a falar do Aviz e do Desejo Casar.
Mas que culpa tenho eu se de cada vez que abro esses blogs me maravilho!?
Por exemplo: uma pessoa levanta-se cedinho, lava-se, faz a sua primeira dose de chá, abre o computador, clica no seu blog pessoal, entra nos links favoritos e depois lê textos como Desejo Amor ou Preconceitos; como os posso deixar passar em branco? Como?

Como, se esses(e todos os outros textos) nos ficam gravados na pele?


Blogo-esfera ( Novidades)

Recebi um e-mail muito simpático do autor deste novíssimo e interessante blog Serra-Mãe.
No e-mail, A. diz-me que acompanha este e outros blog e -frontalmente- pede para dar a conhecer o seu Serra-Mãe.Gostei da frontalidade.
Dou as boas vindas a este novo blog; desejo as maiores felicidades ao A. e ao seu blog; prometo que o visitarei...mas peço-lhe uma coisita:
Por favor, não pense que por eu o mencionar tem a obrigação de me retribuir!.
Nada disso.

Eu agradeço muito, enternecidamente , a quem me linka; mas a ideia de fazer favores, do "em troca"; da retribuição por obrigação ,entristece-me.

Bem vindo!



Ana [7/18/2003 01:37:00 da tarde]

 

Ouvi, esta noite, o discurso do P.M. Tony Blair no Congresso norte-americano. Acompanhei a emissão da BBC e da CNN.
Enterneci-me e, mais do que isso, fiquei com dores nas mãos de tanto bater palmas!
Ouvi Tony Blair dizer aquilo que defendo-do fundo do coração- e que acredito.
Tony Blair disse muitas e preciosas coisas que, já se sabe, poderão não agradar a muita gente, nomeadamente britânicos; mas mostrou ( mais uma vez) como se defende ,o que se acredita estar certo, com coragem.
Uma das frases mais simples e, no entanto, mais poderosas foi esta : Don't ever apologise for your values!.
Também foi assim que me educaram.

Thank You mister Tony Blair!

[ Para mais informações, com muitos pormenores, podem ler , por exemplo,aqui]

Ana [7/18/2003 10:32:00 da manhã]

[ quinta-feira, julho 17, 2003 ]

 

Não gosto quando são injustos com as pessoas de quem gosto. Da mesma maneira que não gosto de más criações.
E sinto que, apesar de todos termos o direito -constitucionalmente garantido- de , em liberdade, dizermos o que nos vai na alma, há alturas em que mais vale estar calado. Ou quietinho com os dedos, como penso ser o caso.

Nada tenho contra comentários irónicos-também os faço. E, por vezes, também sou capaz de ser mázinha com quem não conheço. Mas uma coisa é fazer um comentario sobre alguém, outra é meter-me na sua vida privada e fazer juízos de valor.

Vem isto a propósito de um comentário que li hoje trazido pelo vento.
Penso que cada um é livre de gostar , ou não, de quem quiser, mas ...

O P.Q. não pode, penso eu, fazer qualquer tipo de comentário sobre as relações conjugais de quem não conhece. Não só é feio, como é gratuito.
A Charlotte, que é amiga, se tem o à vontade e a alegria de partilhar connosco o marido, é porque , não só é verdadeira, como tem bom humor.
Considerar isso "problemas de comunicação com o conjuge, a avaliar pela frequência com que respiga as conversas de surdo que manterá com o marido é, numa palavra, uma palermice. É falta de educação .

Que o P.Q. não goste do estilo, do humor, dos diálogos , ainda estou como o outro...mas meter-se na vida privada de um casal é, não só grave, como uma enorme má criação.

Não conheço o P.Q. e , por isso mesmo, nada posso dizer sobre ele. Mas posso , julgo que com legitimidade, dizer-lhe que não me parece que o estilo comadre seja o mais indicado para a blogosfera. Mas, lá está, cada um é como cada qual...


E em nome do bom senso, gostaria de felicitar o Terras do Nunca.



Ana [7/17/2003 03:43:00 da tarde]

 

Ah! Já me esquecia de uma coisa fundamental.
Há muitos blogs novos ( crescem como cogumelos o que é bom; adoro cogumelos) e eu, à medida que os for detectando ,coloco aqui os links.
Como não vou àqueles apontadors de blogs, normalmente dou pelos blogs novos ao ler os meus blogs favoritos. Foi o que aconteceu hoje ao ler a minha querida Charlotte. No seu Bomba Inteligente , descobri que o magnífico Vodka7 tem um blog! Eu gostaria de dizer que o Vodka7 é uma das pessoas mais talentosas que o Pastilhas me deu a conhecer. Ele escreve muito, muito bem. E mesmo quando-às vezes- discordo dele, fico à mesma enternecida com a maneira como ele joga com as palavras. Para além de crónicas e poesias de grande nível, o Vodka7 -colega jornalista- escreve contos; e escreve-os muito bem. Quem quiser tirar a prova pode ler alguns aqui; na secção Enfermaria, no tópico Contos.

A Charlotte informa também que a pastilhenta Ana tem um blog! Iupi!
O que eu pedia, à Ana especialmente, é que me dissesse qual o "nick" que costuma usar no nosso Pastilhas. É que, confesso-o com alguma vergonha, não estou a ver quem é...e, provavelmente, sou fã!

[ E sou mesmo! Depois de ter escrito isto, fizeram-me saber que é a querida Ana Ribeiro! Duplo Viva! :) ]
Muito Obrigada! E bem-vindos à blogosfera!

Ana [7/17/2003 12:41:00 da tarde]

 

Bom dia!

Normalmente não falo sobre o Amor. Não só porque só raramente encontro as palavras certas na hora certa, mas também porque me falta o engenho e a arte. Mas sei que é o Amor que comanda a vida.
E é por isso que fico muito contente por estar "ligada" num novo blog- simpático, desempoeirado e poético, e que, ainda por cima, tem um "nome" belo: A Origem Do Amor. Muito Obrigada Migalhas!
[ O Migalhas também sugere este outro blog de lamber os beiços. E eu aprovo.]

Agora mudando de cena:

E então eu perguntei à colega ( francesa e de uma outra rádio ) que estava a trincar bolachas ao meu lado:
- Sabes que S.Tomé é uma ex-colónia portuguesa, não sabes?
E ela respondeu-me:
- Não! Não sabia! ...e já não é colónia portuguesa há muito tempo?
Sendo ela supostamente "especialista" em política africana , vi-me obrigada a responder :
- Não, há mais ou menos um mês; por isso é que está a acontecer este golpe de estado.
Muito gostava de saber como é que ela usou esta minha preciosa informação ...

Ainda outra peça:
Estou, temporariamente, hospedada no castelo de uma amiga. Nesse castelo, para além de muitos quartos, salas e casas-de-banho, há quatro satélites; pelo que tenho andado furiosamente a ver televisão ( não tenho televisão em casa , por opção, desde que deixei de fazer televisão; mas se apanho uma a jeito passo-me.) ; vejo tudo , mas aos bocadinhos, que aquilo tem para cima de mil canais .
Há dias deparei-me com a estação de televisão italiana "Gay TV". Vi uns minutinhos.
A apresentadora do programa em curso , durante uma "entrevista" a duas raparigas musculadas, bronzeadas e imberbes, resolveu tirar a camisa e pedir a uma delas uma massagem. Diz a potencial massagista:
- Ai, aqui, à frente de toda a gente? Não posso; a minha mãe pode estar a ver a emissão! ( riso histérico)
E diz a apresentadora:
- Não te estou a pedir para me chupares e lamberes (sic), só quero mesmo uma massagem, a tua mãe pode ficar descansada! ( mais risos histéricos, desta vez colectivos )

Tenho tantas saudades do tempo em que não havia televisão por satélite....

E ainda mais esta para acabar (por agora):

Vou, em breve, voltar ao Iraque. Enquanto espero pela aprovação do orçamento , resolvi contactar os iraquianos que me deram guarida durante a guerra .
Há dois meses essa família não gostava particularmente de ocidentais e tinha sérias reservas em relação à presença das tropas anglo-norte-americanas no Iraque, mesmo odiando de morte o tirano Saddam.
Ontem, em três minutos de conversa, o senhor Yussuf que fala ( falava? ) um inglês muito britânico, perguntou-me "What's Up?" duas vezes; disse "Fuck" quatro ; e referiu-se aos guerrilheiros pro-Saddam como "Fucking assholes" mal-agradecidos. Não pude deixar de sorrir. Não só porque nunca imaginei que um muçulmano xiita pudesse falar assim com uma mulher, e ainda por cima uma ocidental , mas também porque -finalmente- o "vi" a exercer um direito ao qual nunca tinha tido acesso: a liberdade!




Ana [7/17/2003 12:04:00 da tarde]

[ quarta-feira, julho 16, 2003 ]

 

Para além da minha nave Mãe e do inigualável Aviz, o blog que mais me regozija é o indispensável Desejo Casar.
Gosto de tudo. Tudinho.
Gostava de escrever como eles ( e ela).

Outra coisa:
A violação de privacidade é detestável e condenável!
Digo isto a propósito dos contadores ou lá como se chama essa merda desses apetrechos informáticos pidescos, e outros links.
Eu também cá coloquei um desses contadores, mas como sou totalmente analfabeta , no que à informática diz respeito, olho para os IPS (como se eu soubesse o que isso é) e é-me igual ao litro. Fico a saber o mesmo.
Mas, para quem percebe de informática , é fácil entrar na privacidade das pessoas.
Esta manhã, depois de ter ligado para todos os números de telefone que existem em São Tomé e Príncipe, para me informar sobre o Golpe de Estado Militar em Curso , resolvi descansar um bocadinho a ler os meus blogs preferidos.
Por curiosidade, fui espreitar alguns blogs que normalmente não leio, e deparei-me com uma novidade. Num desses blogs , mesmo no template , estão as referências às entradas mais recentes no blog; perdoem-me, se fizerem favor, a falta de termos técnicos, mas o que vi foi o link pelo qual se chegou àquele blog, sem ser nos tais contadores. Ainda com mais curiosidade cliquei numa entrada que me pareceu ser minha . Abriu precisamente na minha página de abertura do computador, onde tenho, por exemplo, links directos para os meus e-mails e outras coisas pessoais que só a mim dizem respeito.
Fiquei furiosa! Furiosa mesmo!!!!
Toca de telefonar a um amigo informático para saber se a página abria assim, com tudo escarrapachado, só no meu computador ( repito que disto não percebo a ponta de um corno ) ou se era geral. Era geral! E mais, disse-me esse meu amigo que, como tenho, nos e-mails, por exemplo, a password gravada ( sou esquecida como o raio!) é fácil aceder às minhas contas de e-mail!
Fiquei sem pinta de sangue!
Não é que tenha segredos, nem nada que se pareça, mas ninguém que não eu, ou quem eu quiser, tem o direito de ver as minhas intimidades sem o meu consentimento.

De maneira que quero queixar-me ! Não sei a quem...mas queixo-me à mesma.
E às alminhas ruins e curiosas que tiveram a lata ( caso tenha acontecido) de me entrarem na caixa do correio e que leram porventura os conselhos da minha mãe; as minhas encomendas de textos profissionais; o meu pedido de casamento ( já é o terceiro esta semana ( ai..) ; as minhas zangas com o meu mano, etc...quero dizer que roguei uma praga forte, mas tão forte...que não se admirem se vos começarem a nascer rabos e orelhas pontiagudas e se os vossos orgãos sexuais começarem a apresentar sinais de graves enfermidades. Sim, sim, estou a falar de doenças venéreas !
Grrrrrr

Eu que queria hoje falar de livros...fiquei tão irritada ...que só me lembro deste:

Be Afraid...Be Very Afraid !...

Ana [7/16/2003 12:32:00 da tarde]

 

Golpe de estado em São Tomé...investigações em curso. Já ca volto...( não há nem mortos, nem feridos, a esta hora; mas há tiros )

Ana [7/16/2003 10:12:00 da manhã]

[ terça-feira, julho 15, 2003 ]

 

É preciso actualizar o Blog.

Sendo assim, e depois destes três dias de interregno, vou actualizar cá a "chafarica" com algumas novidades da blogosfera.

Recebi um e-mail, muito simpático, da simpática Filipa Costa que dá conta do seu blog Turista Acidental.
Para além das boas vindas à blogosfera, devo dizer que como apaixonada por viagens ( mas, confesso, sem nunca ser turista) vou passar a ser cliente.

Também recebi um outro e-mail, de Fernando M.Dinis . Anuncia um novo blog e um novo Livro. Felicidades para ambos e obrigada!

Também recebi outros e-mails simpáticos de colegas bloguistas que agradeço e, mal possa, retribuo.

[ Agora em jeito de desabafo por carta ]

Neste momento ando "aflita" porque me pediram para fazer uma espécie de lista com as minhas leituras e releituras para o Verão, lista essa que será publicada numa revista semi-cor-de-rosa; como a revista é dirigida por uma amiga minha não pude negar.
É um tapa-buracos muito usado na Silly Season.
De maneira que ando para cá a puxar pela cabeça.

Sinceramente, acho injusto, ingrato -e quase desumano -pedir para - de um tão vasto e rico universo- escolhermos alguns livros; ou discos.
Para quem ama a leitura é uma espécie de sacrilégio escolher A ou B e deixar de fora C.
Seja como for , e à falta de tradução francesa dessas magníficas obras como : "As Sandálias de Prata"; "Crónicas de uma Mulher Casada"; " Vinte mil Lésbicas Submarinas" ; "Alma de Pássaro"; "Banho-Manuel" e "Doces ( não sei quê) sem Açucar" e assim, acho melhor escolher outros livros estrangeiros.*
E dos "difíceis" que é para ver se os franceses começam a abrir os olhinhos !

Por exemplo, gostava que um qualquer francês letrado ( em francês, letrado quer dizer que o cidadão, ou a cidadã, sabe ler e escrever...em francês e já é um pau...) se sentisse tentado a descobrir os tesouros que as páginas de obras como -" Herzog" de Saul Below; "Confessions of Zeno" de Italo Svevo; "Never-ending Story" de Michael Ende; "Finnegan's Wake" de James Joyce; " O Conformista" de Alberto Moravia, ou mesmo os ensaios de G.K.Chesterto-encerram.
Claro que esta lista não é nada original; As escolhas, estas, são comuns a muitos amantes da leitura como, por exemplo, o mestre de todos os outros ratos de biblioteca, como eu , Alberto Manguel. Mas para França é uma lista arrojada, que é.
Também me apetece sugerir autores portugueses, mas sem ser os do costume. Em vez dos eternos Eça de Queirós; F.Pessoa; Lobo Antunes; Saramago ; vou sugerir David Mourão Ferreira; Raul Brandão; Guerra Junqueiro. E o Padre António Vieira, claro!
Mas os autores citados são demasiado não franceses, se calhar...ai que coisa isto das escolhas, chiça!

Mas vou tentar fazer a lista e vou usar o blog para fazer o rascunho:

Lista

1-hum...este não porque é demasiado estrangeiro; se calhar é melhor substituir Kafka por Paulo Coelho, que eles entendem melhor...( pensar melhor e sugerir título)
2- Bem...Jan Potocki não é fácil e os franceses andam cansados , pobrezinhos, não estão habituados ao calor e tem andado uma caloraça do caraças pelo que, se calhar, é melhor sugerir " A Vida Sexual de Catherine M."...hum, é melhor!
3- R. Kipling ...nã!...demasiado complicado; mais vale facilitar e sugerir o "Consegui" da misteriosa e jovem Sarah ;
4- Não tenho pachorra, fico ,por ora , por aqui e sugiro mas é que leiam o TinTin e está a andar!...

Que raio de coisa isto das listas!

* Ironia : do Lat. ironia < Gr. eironía
s. f.,
figura de retórica que exprime o contrário do que as palavras significam e que serve para depreciar ou engrandecer.


PS. O 14 de Julho correu muito bem; mas foi menos animado que o ano passado....
PPS. Há autores franceses que eu amo com paixão. Mas continuo a achar o povo francês, no seu todo, muito hermético . Pediram-me mesmo a lista e sugeriram-me que apenas sugerisse autores franceses para...não complicar!?!?!?!









Ana [7/15/2003 01:16:00 da tarde]

[ sexta-feira, julho 11, 2003 ]

 

Mais música; alguns links...e um elogio maior.

Esta manhã ouvi na RFM (Francesa) uma música que, quiçá, é "pimba". Mas eu gosto dela e soube-me bem ouvi-la.
É de um senhor tipo António Calvário, mas em loiro verdadeiro: Christophe.
A música : Les Mots Bleus. E diz assim:
Je lui dirai les mots bleus/les mots qu'on dit avec les yeux/parler me semble ridicule/je m'élance et puis je recule/devant une phrase inutile/qui briserait l'instant fragile/d'une rencontre/d'une rencontre(...) / Je lui dirai les mots bleus/ceux qui rendent les gens heureux/je lui dirai tous les mots bleus/tous ceux qui rendent les gens heureux/tous les mots bleus...

Elogio maior: este blog Denso. Uma densidade boa; nada escuro. Eu adoro "japonesices" também.

Alguns links
Graças ao essencial Aviz, posso acrescentar mais este blog. É o blog do excelso Paulo Gorjão. Mais um favorito.

Outro, e cada vez mais, é o Mar Salgado. Até porque esses bravos marinheiros acham cá o Crónicas boa onda.


E last but not least, muito obrigada ao Cruzes Canhoto pelo link.


Ana [7/11/2003 02:40:00 da tarde]

 

E por falar em música...

Depois de 16 meses de discussões , a Convenção para o futuro da Europa colocou um ponto final nos trabalhos. Muito bem.
Ficou decidido que:

O lema da Europa Unida vai ser:Unidos na Diversidade
A bandeira europeia vai ser composta por um círculo de 12 estrelas douradas sobre um fundo azul.
A moeda é o Euro
A festa oficial vai ser celebrada a 9 de Maio; o Dia Da Europa
O Hino escolhido foi a Nona Sinfonia de Beethoven ( O Hino da Alegria )

E é aqui que a porca torce o rabo.

Com tanta música que há para aí aos pontapés, tinham de escolher a menos original; a mais comezinha ; a música do costume.
Ora eu acho mal.
Original era, por exemplo, terem escolhido o YMCA ! Não somos, todos nós europeus, Village People? Não é isto uma enorme aldeia global? Hã? Pois com certeza!

Ou então a subliminar I Will Survive!. Estámos ou não estamos a precisar de Glória?

Que falta de gosto...pfff


Ana [7/11/2003 12:30:00 da tarde]

 

Bom dia!

Era uma vez uma menina que gostava muito de ouvir música. Um dia, ao chegar a casa, apaixonou-se pela música que saía da grafonola da avó .
A menina tinha um vestidinho rodado ...e rodou, rodou, rodou...
[mais uma efeméride]
A música perfeita. Gershwin(G.) Rapsody in Blue...



[ E lá volto eu ao Summertime...]

Ana [7/11/2003 10:34:00 da manhã]

[ quinta-feira, julho 10, 2003 ]

 

Italianos vs alemães ou porque é que eu gosto de ter um blog.


E digo isto porque, ainda esta manhã , na reunião de editores, quase que me pegava com um deles ( eu sou a única mulher; mas quem usa saias até nem sou eu, mas um colega escocês, mas isso agora também não interessa) , porque a tendência é querer defender os supostamente "ofendidos".
Como sabem, depois de Berlusconi ter dito ao eurodeputado alemão que ele dava um bom "Capo", o caso foi encerrado com o telefonema ao chanceler , no qual o chefe de estado italiano terá pedido desculpa.
Mentira.
O caso está mais vivo do que nunca. Isto porque um responsável político e governamental italiano ( querem pormenores , tratem de investigar , se fizerem favor, que, aqui no blog, eu não estou "de serviço" e gosto de falar sem entrar em pormenores) disse que os turistas alemães que visitam Itália não passam de loiros arrogantes e ultranacionalistas. O chanceler, ferido no seu orgulho , cancelou as férias que já tinha agendadas em Itália.
Pronto. Agora os analistas políticos falam em : guerra diplomática; possibilidade de corte de relações; retaliações; etc.
Certo. Tudo muito certo.
O que tem piada-se me permitem a expressão- é a visão jornalística da coisa.
Ontem, na minha amada BBC perguntava o pivot de serviço, a uma das correspondentes em Berlim :
- Já se ouvem piadas/anedotas sobre italianos aí?
- Será que , ficando em Hanovver, o chanceler vai ter , realmente , férias?
E outras coisas do género. Eu fiquei boquiaberta com a pertinácia das perguntas, e com a preocupação do colega britânico pelo descanso do chanceler alemão.
Hoje, na tal reunião, ainda fiquei mais.
Estava um dos meus colegas a falar do assunto e, em jeito de sugestão à editora da manhã, disse que "era interessante sondar a opinião dos alemães sobre os italianos, porque eles têm direito de resposta". Pasmei!
Isto já se sabe, as opiniões, como diria a Drª Rute Remédios, são como as vaginas: quem as quer dar, dá; Mas quando ia começar a dar a minha - opinião, bem entendido!- apareceu um dos editores-séniores, que por acaso é boche, e ofereceu-se logo para arranjar depoimentos de alemães devidamente ofendidos para responder, na mesma moeda, aos italianos.

Ou seja, todo este circo vai dar muito que falar. Vai alimentar esta época tão parca em notícias sérias. Iupi!

Eu, que , no blog, posso dizer o que quiser sem correr riscos ( os e-mails e comentários ofensivos para mim vêm de carrinho) digo só isto:
Por mim quero é que os alemães se lixem! Por mim o chanceler pode passar as férias onde quiser, mas, de preferência longe . Bem longe. E como eu também espero dar um salto a Itália , acho lindamente que ele fique lá por Hannover.
E digo mais: Como o bronzeado made in Itália é mais bonito, seguramente, que o made in germany, e para mostar, também eu, alguma preocupação pelos ofendidos...aconselho, a todos os loiros arrogantes e ultranacionalistas, chanceler incluído, que cancelem férias em Itália, auto-bronzeadores!

Boas férias, e desculpem qualquer coisinha.

Ana [7/10/2003 12:55:00 da tarde]

 

Bom dia. Que calor!

Sonho: estar deitada, "desenroupada", numa rede balançada ,envolvida pela voz d' Ella a soprar ventinho fresco...

Summertime
And the living is easy
Fish are jumpin'
And the cotton is high

Your mama's rich
And your daddy's good lookin'
So hush little baby
Don't cry

One of these mornin's
You're gonna rise up singin'
You're gonna spread your wings
And fly to the sky

But 'til that moment
Nothin' can harm you
With your daddy and mummy
Standin' by

One of these mornin's
You're gonna rise up singin'
You're gonna spread your wings
And fly to the sky

But until then
Nothin' can harm you
With your daddy and mummy
Standin' by
With your mum and your dad
Standin' by




Ana [7/10/2003 10:58:00 da manhã]

[ quarta-feira, julho 09, 2003 ]

 

[Bom dia!]

Ontem, à conversa com o excelente Maradona, surgiu a figura de J.D.Salinger; a propósito do livro " The Catcher in the Rye".
Eu, que tenho a mania que sou engraçada, disse logo que, como qualquer psicopata, tenho -também- esse livro em casa.
E, mais importante que o ter em casa, li-o.
Ora bem, há, penso eu, uma série de livros que, por razões várias, fazem parte da censura universal, ou quase.
São tantos os exemplos que seria maçador colocá-los aqui todos. Mas vou falar de alguns.
O "The Catcher in the Rye", por exemplo, sempre foi apresentado -eu mesma já o escrevi uma vez- como o livro obrigatório de qualquer psicopata e/ou assassino-em-série que se preze. O que é facto é que, quer se queira quer não, é mesmo assim. Nesses homens-alguns com mentes brilhantes como se sabe- o gosto pela literatura é notório e J.D.Salinger é recorrentemente citado. Nada contra.
Eu li o livro, confesso-o, já depois da adolescência. No entanto o livro deixou-me marcas; marcas que, em o tendo lido na fase da procura da identidade, i.e., na adolescência, poderiam ter sido "fatais". Como o li com a minha mente já formatada por milhares de outras obras, pessoas e sentimentos, limitei-me a absorver algum negativismo, alguma revolta e uma pitada de crueldade. Mas depois passou-se.
Seja como for, as influências desse livro são, ainda hoje, bastante notórias. Há, como penso que sabem, vários clubes de fãs do especialíssimo Holden Caulfield .
Quando vivi nos EUA, conheci -sem exagero- uma trintena de adolescentes que veneravam, e penso que ainda o fazem, Holden Caufield. Isto porque, como acontece a milhares de outras personagens literárias, Caufield vive; muito mais do que Salinger.
Acho que nunca tive uma conversa com um desses miúdos sem que aquilo não acabasse numa cantoria pegada do mítico J.Lennon, que- como os fãs de "The Catcher in the Rye" dizem, morreu, também, devido a esse livro.


Mas há mais livros que sempre, ou a dada altura, foram censurados e proscritos e todos, no meu ponto de vista, de leitura obrigatória.
O próprio "1984" de Orwell é , ou foi, um livro "maldito".
Assim como , dando mais exemplos, "21 Techniques on Silent Killing " de Master Hei Long; "Areopagitica" de John Milton; "A Doll's House" de Henrik Ibsen ; "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury; "To Kill a Mockingbird" de Harper Lee; etc.
Aliás, a dada altura, livros enormes e maiores como as Obras de Joyce, de Cervantes, de Shakespeare , Twain, Huxley , Steinbeck, Swift,Whitman ,Bloom, Stendhal, e muitos outros que não me vêm agora à memória, também foram censurados e colocados no index.

Tudo bons livros. Todos importantes de ler.
Ou não gostasse eu de ler Nietzche, por exemplo, e ele até é o "mestre" do nazismo.

Estive para aqui a escrever isto tudo para chegar a esta conclusão: a culpa dos nossos comportamentos, bons, maus, ou assim assim, não é nem dos livros, nem dos programas de televisão, nem dos jogos de computador ; mas que isso pode ajudar , lá isso pode!

Enfim, delírios meus, que ando a reler o " The Comedians" do maravilhoso Graham Greene , a ver se me distraio dos pensamentos malignos que me assaltam o cérebro sempre que penso que, até ao fim do mês, tenho de reler e dissertar sobre a actualidade do Mein Kampf...

Ana [7/09/2003 01:34:00 da tarde]

[ terça-feira, julho 08, 2003 ]

 





(...) Deixei a sala com a boca empastada com tanto Seven-up e sacudi o ombro da sentinela quando passei. Podia ter um gesto amigo para alguém. Segui o meu caminho, passando pelo jeep antes de chegar ao meu carro, mas ouvi passos atrás e afastei-me. Poderia ser o capitão que viesse defender a honra da sua pista de patinagem , mas era simplesmente Tin Tin.
Disse-lhes que vinha faire pipi.
-Como está, Tin Tin?
-Muito bem, e o senhor...
-Ça marche.
-Porque não vamos um bocadinho para o seu carro? Eles vão já embora. O inglês está tout-à-fait épuisé.
-Não tenho dúvidas, mas estou cansado. Tenho de ir. Tin Tin, ele portou-se bem contigo?
-Oh! Sim. Gostei dele. Gostei muito dele.
-Porque gostaste tanto?
-Fez-me rir- respondeu ela. Era uma frase que me seria repetida de maneira inquietante e noutras circunstâncias. Numa vida desorganizada, aprendera muitas maneiras de agir, mas nunca a receita do riso. (...)

Ana [7/08/2003 02:48:00 da tarde]

[ segunda-feira, julho 07, 2003 ]

 

Este poema é ENORME.
Em todos os sentidos. Tentei colocá-lo aqui, mas dá erro, justamente por ser grande.

Mas como queria fazer um elogio à morfina ( tive uma crise renal e só a morfina resulta ) mas em sentido figurado, claro, a única hipótese é colocá-lo aqui assim.

De resto ça va...

Ana [7/07/2003 01:46:00 da tarde]

[ sexta-feira, julho 04, 2003 ]

 

The Rain Stick

Upend the rain stick and what happens next
Is a music that you never would have known
To listen for. In a cactus stalk

Downpour, sluice-rush, spillage and backwash
Come flowing through. You stand there like a pipe
Being played by water, you shake it again lightly

And diminuendo runs through all its scales
Like a gutter stopping trickling. And now here comes
A sprinkle of drops out of the freshened leaves,

Then subtle little wets off grass and daisies;
Then glitter-drizzle, almost-breaths of air.
Upend the stick again. What happens next

Is undiminished for having happened once,
Twice, ten, a thousand times before.
Who cares if all the music that transpires

Is the fall of grit or dry seeds through a cactus?
You are like a rich man entering heaven
Through the ear of a raindrop. Listen now again.



Seamus Heaney


Ana [7/04/2003 04:58:00 da tarde]

 

Estive a ler este blog tão interessante que é o Mar Salgado e devo dizer que concordo , o mais possível ,com o que lá está escrito sobre o affair Berlusconi / boches.
Pois.
Sei que é da mais elementar falta de chá eu chamar boches aos alemães, mas é mais forte do que eu. Tem a ver com memória, raízes, pele, recordações, maus-fígados, etc. Mas, lá está, eu não faço política, limito-me a comentá-la e, aqui, a fazê-lo sem preocupações editoriais.
Eu não gosto do Berlusconi; todos sabem, ou deveriam saber, que ele é um demagogo , um populista e que é um bom representante da melhor linhagem mafiosa italiana. Mas foi democráticamente eleito e, por isso, há que levar com ele.
Seja como for, em sendo preciso dar sangue, dava-o mais depressa a meia dúzia de Berlusconis , do que a um alemão-não judeu.
Peço desculpa ; sei que é básico da minha parte, mas é o que sinto. E quem diz a verdade não merece castigo.
Claro que foi um dislate do senhor Berlusconi. Isto porque é óbvio que a diplomacia foi "inventada" para estas ocasiões. i.e., para quando nos apetece muito chamar nazista-filho-da-puta a um boche, mas não se pode fazê-lo, sendo melhor tratá-lo por arrogante.

Entretanto, e como o fim-de-semana está à porta, assim como o shabath, começo já a despedir-me até à semana.
Andei à procura de novos poemas, isto porque sou de tal maneira apegada aos meus amores/favoritos e aos clássicos, que se torna difícil não me repetir.
De maneira que me lembrei de colocar aqui um poema, belíssimo, de um amigo e colega da blogosfera; do meu querido Hank. Podem encontrar poesia no seu blog e na nossa nave mãe.

só mais uma coisa
não te esqueças
de me lembrar
de não me esquecer que
quase tudo
é mesa
serrote
que as estantes se edificam
trabalho
plaina
turquesa
dão forma
lixam a forma
fodem a forma
formam a forma
descobrem significado
na sua acção
no limar
no lixar
no serrar
nos pregos que entram PAM
a cada batida PAM
entram mais fundo PAM
a cada estocada PAM
a cada ranger da madeira
que dá luta
que não quer obedecer
não quer perder a luta que ganha
quase sempre
e no retorno do torno que torna a tornar
há a violência do início da batalha
há puas que saltam e que entram na carne
fundo
mais fundo
há as mãos que moldam e se moldam
que têm que obedecer
obedecer
obedeçam
agora
e façam obedecer a matéria
obedeçam

e façam o que foi planeado
para que possa chegar ao
fim :
o fio de prumo ri-se da pobre matéria
e a matéria sabe que na sua derrota
se tornou mais alta que a sua origem
mais humana


HankChinaski, 2002-11-27
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Da mesma maneira, e à mesma fonte, fui buscar um outro poema, também de um amigo . Do V., que tem mais heterónimos que F.Pessoa, e que é, seguramente, um dos elementos da blogosfera mais completos, lúcidos e talentosos.
Estou a falar deste amigo. Também no Pastilhas, se pode encontrar a poesia dele. Memórias-nada inventadas.

As sombras

Eu que gastava os dias
Fazendo nós das sombras
E via o mundo livre de espanto
Pasmei quando te vi
Tocas também nas sombras
Mas com dedos de oleiro
E as sombras um dia serão cacos
Mas são ânforas e estátuas
E foram argila primeiro

Ver-te depois
Foi uma música a crescer
O acorde pesado e estranho
A canção como voo de pássaro
Atar sombras é tudo o que sei
Não tenho jeito de oleiro
Os meus nós desfazem-se de noite
Quando as estátuas quase falam
E as ânforas ganham vinho

Espero o toque dos teus dedos
Frio, barrento, talvez final
Se ao cruzar os braços
Foi em nó cego que fiquei
Antes estátua que quase fala
Antes ânfora que te sacie
E depois caco de fina aresta
Já gastei os dias e sobrou
Uma sombra sem paradeiro

TuliusDetritus, 2002-12-04

Ana [7/04/2003 03:50:00 da tarde]

 

Ao que isto chegou!

Título do DN, hoje: Duelo erótico "Pipi" Graça Moura.

Vou ler e já cá volto!


Ana [7/04/2003 11:18:00 da manhã]

[ quinta-feira, julho 03, 2003 ]

 

Tell me all about
Anna Livia! I want to hear all about Anna Livia. Well, you know Anna Livia? Yes, of course, we all know Anna Livia. Tell me all. Tell me now. You'll die when you hear. Well, you know, when the old cheb went futt and did what you know. Yes, I know, go on. Wash quit and don't be dabbling. Tuck up your sleeves and loosen your talk tapes. And don't butt me -- hike! -- when you bend. Or what ever it was they threed to make out he thried to two in the Fiendish park. He's an awful old reppe. Look at the shirt of him ! Look at the dirt of it! He has all my water black on me. And it steeping and stuping since this time last wik. How many goes is it I wonder I washed it? I know by heart the places he likes to saale, duddurty devil! Scorching my hand and starving my fa- mine to make his private linen public. Wallop it well with your battle and clean it. My wrists are wrusty rubbing the mouldaw stains. And the dneepers of wet and the gangres of sin in it! What was it he did a tail at all on Animal Sendai? And how long was he under loch and neagh? It was put in the newses what he did, nicies and priers, the King fierceas Humphrey, with illysus dis tilling, exploits and all. But toms will till. I know he well. Temp untamed will hist for no man. As you spring so shall you neap. O, the roughty old rappe! Minxing marrage and making loof. Reeve Gootch was right and Reeve Drughad was sinistrous! And the cut of him! And the strut of him! How he used to hold his head as high as a howeth, the famous eld duke alien, with a hump of grandeur on him like a walking wiesel rat. And his derry's own drawl and his corksown blather and his doubling stutter and his gullaway swank. Ask Lictor Hackett or Lector Reade of Garda Growley or the Boy with the Billyclub. How elster is he a called at all? Qu'appelle? Huges Caput Earlyfouler. Or where was he born or how was he found? Urgothland, Tvistown on the Kattekat? New Hunshire, Concord on the Merrimake? Who blocksmitt her saft anvil or yelled lep to her pail? Was her banns never loosened in Adam and Eve's or were him and her but captain spliced? For mine ether duck I thee drake. And by my wildgaze I thee gander. Flowey and Mount on the brink of time makes wishes and fears for a happy isthmass. She can show all her lines, with love, license to play. And if they don't remarry that hook and eye may ! O, passmore that and oxus another! Don Dom Dombdomb and his wee follyo! Was his help inshored in the Stork and Pelican against bungelars, flu and third risk par ties? I heard he dug good tin with his doll, delvan first and duvlin after, when he raped her home, Sabrine asthore, in a parakeet's cage, by dredgerous lands and devious delts, playing catched and mythed with the gleam of her shadda, (if a flic had been there to pop up and pepper him!) past auld min's manse and Maisons Allfou and the rest of incurables and the last of immurables, the quaggy waag for stumbling. Who sold you that jackalantern's tale? Pemmican's pasty pie! Not a grasshoop to ring her, not an antsgrain of ore. In a gabbard he barqued it, the boat of life, from the harbourless Ivernikan Okean, till he spied the loom of his landfall and he loosed two croakers from under his tilt, the gran Phenician rover. By the smell of her kelp they made the pigeonhouse. Like fun they did! But where was Himself, the timoneer? That marchantman he suivied their scutties right over the wash, his cameleer's burnous breezing up on him, till with his runagate bowmpriss he roade and borst her bar. Pilcomayo! Suchcaughtawan! And the whale's away with the grayling! Tune your pipes and fall ahumming, you born ijypt, and you're no thing short of one! Well, ptellomey soon and curb your escumo. When they saw him shoot swift up her sheba sheath, like any gay lord salomon, her bulls they were ruhring, surfed with spree. Boyarka buah! Boyana bueh~He erned his lille Bunbath hard, our staly bred, the trader. He did. Look at here. In this wet of his prow. Don't you know he was kaldt a bairn of the brine, Wasserbourne the waterbaby? Havemmarea, so he was! H.C.E. has a codfisck ee. Shyr she's nearly as badher as him herself. Who? Anna Livia? Ay, Anna Livia. Do you know she was calling bakvandets sals from all around, nyumba noo, chamba choo, to go in till him, her erring cheef, and tickle the pontiff aisy-oisy? She was? Gota pot! Yssel that the limmat? As El Negro winced when he wonced in La Plate. O, tell me all I want to hear, how loft she was lift a laddery dextro ! A coneywink after the bunting fell. Letting on she didn't care, sina feza, me absantee, him man in passession, the proxenete! Proxenete and phwhat is phthat?




P.S.A Poesia está em tudo.



Ana [7/03/2003 04:00:00 da tarde]

 

Foi bom o retiro, mas foi curto.
Dormi , basicamente.

De qualquer forma, o mais importante é dizer que gosto de literatura, mas gosto ainda mais de poesia; e uma não engloba a outra.
A poesia tem vida própria. Um brilho mais puro. E então eu devoro poesia.
E teimo em escrever "poemas". Sai tudo torto, manco, é certo; mas continuo a tentar. Encho as gavetas da cómoda, da secretária, os baús , as burras que há pelas casas às quais pertenço, etc.
Vez por outra mando um desses versos, desses escritos, aos amigos e eles, como amigos que são, sorriem e lá dizem : oh, que bonito! que bem escrito!
Mas é mentira e eu sei que é mentira. Mas escrevo-os à mesma.
Aliás, sendo eu uma apaixonada pelos ditados populares, não poderia sê-lo ainda mais deste quem não arrisca não petisca.
Mas não vou aqui-para já- colocar "poemas"meus. Não quero acabar já com o blog!...

Vou é colocar mais poemas; de quem os sabe fazer ( e traduzir) como quem respira. Poemas daqueles que nos ficam gravados na pele.
Depois da febre das imagens; das fotografias e posters de filmes, declaro aberta a época da poesia-toda.

Cheio de Razão é o Amor

Beije-me ele com os beijos da sua boca.
Amor melhor do que o vinho.

-Delicado é o aroma dos seus perfumes,
e o teu nome , unguento que se derrama.
Por isso te amam , as virgens.

Leva-me contigo, corramos juntos.

O rei levou-me para as suas câmaras.

Tu serás o nosso júbilo, a nossa alegria.
Cantaremos teu amor mais que o vinho.
Cheio de razão é o amor de quem te ama.

Poema de Salomão- tradução livre de Herberto Helder

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Mi Vida Entera

Aqui otra vez, los labios memorables, unico y
semejante a vosotros.
Soy esa torpe intensidad que es un alma.
He persistido en la aproximacion de la dicha y
en la privanza del pesar.
He atravesado el mar.
He conocido muchas tierras; he visto una mujer
y dos o tres hombres.
He querido a una niña altiva y blanca y de una
hispanica quietud.
He visto un arrabal infinito donde se cumple una
insaciada inmortalidad de ponientes.
He paladeado numerosas palabras.
Creo profundamente que eso es todo y que ni veré
ni ejacutaré cosas nuevas.
Creo que mis jornadas y mis noches se igualan en
pobreza y en riqueza a las de Dios y a las
de todos los hombres.

poema de Jorge Luís Borges
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Queria, também, agradecer ao jornalista Ilídio Martins , pelo link no seu óptimo Esmaltes e Jóias.
Esmaltes e Jóias fez-me, de resto, lembrar este poema do poeta chinês Tu Chiu Nang:

Usem as vossas jóias e os vossos vestidos de seda.
Saboreiem enquanto é tempo os frágeis prazeres da vida.
Os ramos ficarão despidos quando vier o grande frio.
Sem o sol, emurchecidas as flores, que é a vida? Apenas saudade.


A tradução , belíssima , é de António Ramos Rosa.



Ana [7/03/2003 03:51:00 da tarde]

[ terça-feira, julho 01, 2003 ]

 

[Hoje estou mais prolifica porque vou retirar-me; fazer um retiro. E só cá volto mais para o fim da semana.]

Há um blog que é mais original do que os outros. É de um escritor. E é um filme.

O Filme de Porrada!

É do advogado, e escritor, José Pinto Carneiro.
Para quem já leu os livros de JPC- o nosso sr.Carne- não é novidade nenhuma se eu disser que a boa disposição é garantida; assim como a qualidade da escrita.
E , como já disse, é original; diferente.
Eu gosto muito.


Também, em jeito de sugestão, faço aqui o link para um blog que só hoje li, com olhos de ler. Este Almocreve das Petas é exemplar.

Ana [7/01/2003 12:48:00 da tarde]

 

Uma Voz na Pedra


Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.



[ António Ramos Rosa]


Ana [7/01/2003 12:21:00 da tarde]

 


[ Killorglin Golf Course ]

"..With her own name there and her own dark hair,
like clouds o'er fields of May".


Ana [7/01/2003 11:45:00 da manhã]

 

Bom dia!

Li, em tempos, uma frase que resume o que penso ser fundamental entender: O que é imortal é o produto da inteligência e do espírito humano, o resto é fumaça.
Já não me recordo quem a escreveu. Seja quem for, tem razão. A frase vinha a propósito dos livros e da leitura. Do amor maior à literatura, e ao acto solitário da leitura.
[Lá em casa tenho uma cópia de um retrato de Baudelaire no solitário exercício da leitura; também não me lembro quem o pintou.]
Há dias , relendo esse leitor apaixonado -George Steiner, voltei a lembrar-me de como os intelectuais "sofisticados" são quase todos humanistas pessimistas. Em como Steiner, por exemplo, ou Harold Bloom , lamentam o declínio , a vulgaridade, a falta de vontade de correr atrás da sabedoria; de buscar o conhecimento através de rituais próprios , dessa entrega da mente com o fim de entender as palavras, as ideias, e os seus significados. Lamentam o fim dos clássicos, dos bons e velhos clássicos, lamentam a soberania da tecnologia; interrogam-se de como é possível ainda poder ler; em paz e sossego.
Isto porque há ruídos vários, chatices muitas, pouco tempo, azáfama constante e, basicamente, falta de interesse.
Steiner, no Leitor Incomum , recorda como -em outros tempos- ler era quase uma cerimónia mística: usando como exemplo a pintura de Jean-Baptiste Chardin - O Filósofo Lendo- Steiner recorda como ele se vestia para a ocasião mágica da leitura, como se preparava com esmero para se encontrar com os "grandes". Como imperava o silêncio, a quietude, a ausência de "trivialidades estridentes". Mas, ainda mais do que isso, à queda do prestígio da leitura. Em como já quase não há orgulho em se ser um leitor qualificado .
Claro que não concordo-pelo menos em absoluto- com a aura aristocrática , exclusiva , limitada a uma elite instruída e requintada que a leitura assumia nesses tempos. Mas também a mim me choca a banalização do acto.
O que , de facto, sinto, é que já não se dá à leitura a importância que ela tem. Porque são poucos os que fazem, e volto a citar Steiner, "uma leitura bem feita", honesta .
Agora todos , ou quase todos, citam muito. Compram as muitas e boas enciclopédias que há e o conhecimento fica por elas formatado. Citam muito, conhecem os nomes dos pensadores, analistas, comentadores, filósofos, etc. Citam a torto e a direito mas, pergunto eu, terão realmente lido as obras ? analizado as ideias? pensado em vez de decorado?
Eu odeio enciclopédias, admito e peço desculpa se isso é pouco moderno.
Por cada citação que leio de Horácio, Virgílio, Dante, Milton, Shakespeare ou Camões eu tremo. Tremo porque temo que a citação tenha sido fruto de uma pesquisa "googoleana" , enciclopédica, para inglês ver.
E isso faz de mim, actualmente, uma fundamentalista!
Mas sobre o que eu penso ou deixo de pensar ninguém está interessado; já sobre os livros tenho a certeza que sim.
Por isso se me meteu na cabeça escrever este post; esta entrada.
Para dizer que eu também tenho um respeito sacerdotal pelos livros. Os bons; os clássicos. Os que ficam para sempre.
Porque as obras humanas , sejam de mármore, granito ou bronze acabam por se destruir, por perecer. Os livros , os bons, não!
Tal como Steiner recorda , Flaubert, às portas da morte, enfureceu-se pelo facto da sua personagem Emma Bovary lhe sobreviver.
Uma provinciana , adúltera, sem qualidades dignas de crédito, vai permanecer para sempre; imortalizada por ele. E o autor ali estava, a agonizar , a ficar sem vida. Porque as suas palavras ficaram gravadas no tempo.
É quase um paradoxo: o que é feito de pedra, de aço , e que é aparentemente mais forte , acaba por desaparecer. E o que é aparentemente mais frágil, não concreto, a palavra, o papel impresso, numa palavra: o livro, fica para sempre.
E depois digam-me que não são mágicos os livros!

O meu sonho é ser, um dia, o Manguel de saias! Esse leitor apaixonado e profissional, que ama os livros , as leituras e, basicamente, a vida inteira que está, como se sabe, dentro das palavras.

Confissão: Deu-me para escrever este texto mais sério porque, nos blogs, é fácil citar sem provar méritos; porque se misturam livros com o que chamo panfletos de supermercado , ou seja, a chamada "literatura" light; porque ninguém no seu juízo perfeito pode -conhecendo os verdadeiros livros- defender , e comprar, essas crónicas de mulheres casadas, historinhas de pin-ups mediáticas, desabafos de treinadores e jogadores de futebol, e onirismos de amantes de directores de jornais!

E agora vou já pensar numa imagem bonita para colocar a seguir, para não maçar mais. Talvez uma bonita paisagem da Irlanda, esse ninho de génios!




Ana [7/01/2003 11:39:00 da manhã]