Crónicas Matinais

[ segunda-feira, junho 30, 2003 ]

 

Agradecimentos e um poema avulso

Agradeço , muito, à minha amiga Tânia, porque ela é que resolve todos os problemas informáticos do blog; e, sem ela, eu não poderia andar nestas andanças porque , tirando o ligar o aparelho, todo o resto da minha actividade informática necessita de "direcção assistida".

Agradeço, muito, aos solteiros e aos casados que acompanham o meu amigo Luís Camilo Alves nesta magnífica aventura blogosférica, pelo link.

Agradeço , muito, ao Francisco José Viegas, porque sempre que leio e releio o inigualável Aviz , penso que é cada vez mais gratificante fazer parte da blogosfera.

Agradeço, muito, ao meu pai e à minha mãe porque, sem eles , eu não existiria ...e se não existisse não podia colocar aqui agora este poema de James Joyce; um poema que ele escreveu, em 1932, por ocasião do aniversário do seu neto Stephen ; e pouco tempo depois do seu pai, Levin, ter morrido.
O Título, em latim, significa : "lo! a boy."

Ecce Puer

Of the dark past
A child is born;
With joy and grief
My heart is torn.

Calm in his cradle
The living lies.
May love and mercy
Unclose his eyes!

Young life is breathed
On the glass;
The world that was not
Comes to pass.

A child is sleeping:
An old man gone.
O, father forsaken,
Forgive your son!




Ana [6/30/2003 05:45:00 da tarde]

 

Bom dia!

Este fim-de-semana fui a "Pirineus-de-cima" entrevistar um senhor que afirma estar em contacto-permanente- com extraterrestres.
Às vezes canso-me de falar sempre com as mesmas pessoas e, quando não tenho trabalho de campo, fora do país, ofereço-me para estas estuchas.
De maneira que lá fui eu- um calor de morrer e centenas e centenas de km a percorrer- toda confiante e assim...
Cheguei lá feita num oito, claro, mas ainda fui conhecer a figura antes que o senhor se recolhesse. Ele falou-me logo dos seus muitos relacionamentos com seres de outros mundos, e eu esfreguei as mãos de contente porque o Domingo-o dia seguinte- prometia.
Só que, no pardieiro em que nos abrigamos, eu e as minhas colegas, havia uma espécie de televisão e nós, à falta de rede para usarmos os telefones de bolso, vimos um bocadito de televisão.
Ao Sábado à noite, há um programa na France2, o " Tout Le Monde En Parle", do Thierry Ardison ( julgo que o podem ver em Portugal, por cabo, na TV5 ). A esse programa vai...toda agente! De grandes a pequenas cabeças; de gente gira a gente feia.
Caem lá todos que nem tordos. Portanto, estava eu a pensar em extraterrestres quando me aparece lá nesse programa o Moby.
Eu devo dizer que, por muito que odeie-e odeio-música e gente pimba, sempre que vejo esse tal de Moby, apetece-me inscrever-me num clube de fãs do Eminem.
O Moby foi lá promover um concerto que vem cá fazer a Paris e, mais uma vez, dizer mal do George W.Bush. Isto já se sabe que, se um americano disser mal, em França, do Bush, e das coisas made in America em geral, torna-se heroi nacional.
Esse pedacinho de asno que é o Moby, até explicou que já aprendeu a dizer " Bush é um idiota" em quinze línguas diferentes; e que sente que a sua missão é, também, pedir desculpa ao mundo , não só pelo presidente americano, mas pelas asneiras da América em geral.
E, nesse programa, levantou-se, e com a mão sobre o coração pediu desculpa aos franceses ! Muito aplauso , claro!
Eu, confesso, fiquei irritada . Não que pense que o presidente Bush seja um Einstein, que não acho. Mas se fosse americana NUNCA faria estas figuras tristes , ainda por cima num país que ainda se julga líder do mundo civilizado e que mais mal diz de tudo o que vem da América. Tudo.
Repensei a minha opinião sobre o senhor dos extraterrestres e penso, agora , que ele é que a sabe toda!
Pois se o senhor até me disse que não gostava de ser francês e, por ele, já estava mas é a viver noutro planeta. Abençoado!
Antes verde e com antenas, do que pequenino, com cara de parvo, a fazer ruídos electrónicos e a ser aplaudido por franceses idiotas que se babam de cada vez que apanham um americano mais estúpido do que eles!
Quem tem razão é o meu apalavrado, que diz que o Moby devia era aproveitar estar em Paris e imolar-se! ...

Também ando um bocadito preocupada com outro assunto.
Li hoje, no Diário Digital, que segundo um estudo britânico, anunciado esta segunda-feira pela BBC, falar chinês implica um maior uso e esforço por parte do cérebro do que falar inglês. Os estudiosos chegaram à conclusão que os falantes de chinês usam ambos os lados do cérebro , enquanto que os de inglês só utilizam o lado esquerdo!
Eu , por via de ter vivido na China uns tempos valentes, e, por isso, falar "chinês" e porque fui educada em estrangeiro, concretamente em inglês...estou confusa! Como falo as duas coisas...como é? Quantos lados dos cérebro uso, hã? E quando vivia em Hong-Kong e falava as duas coisas em simultâneo ?
E quantos lados do cérebro usará quem fala outra coisa qualquer? E como é que as pessoas sem cérebro- como o Moby e a maioria dos franceses- conseguem falar?

São tudo coisas que me preocupam...


Ana [6/30/2003 02:55:00 da tarde]

 



Ana [6/30/2003 10:42:00 da manhã]

 

Adeus, querida Katharine Hepburn


Ana [6/30/2003 10:35:00 da manhã]

[ sexta-feira, junho 27, 2003 ]

 

Como deve acontecer à maioria dos bloguistas, são vários os e-mails que a malta recebe a propósito do bloganço.
Entre uns dez simpáticos, lá aparece um mais antipático. Eu, esta manhã, recebi o e-mail antipático da semana. É a vida; toca a todos.
Maria do Carmo Pereira ( MCP) , diz-me , no e-mail, que não tem pachorra para o meu blog. [ Pois, minha cara, às vezes nem eu.]
Diz também que a irrita a minha mania de achar que tenho graça - que MCP garante que não tenho; que me limito a copiar imagens ; e que os poemas que transcrevo são medíocres.
Acrescenta a MCP, que me pede-e eu respeito- para não mencionar o seu blog, que eu sou tão fraquinha e corporativista , que só tenho ligaç?es a blogs de amigos doPastilhas, e a blogs de jornalistas e/ou escritores.
Para justificar a sua crítica, aponta-me o facto de eu não incluir , aqui no blog, estes blogs:
este , este e este.
E acaba chamando-me intelectual da treta. Resumidamente é isto.

Passo então, e com a vossa licença, a responder à MCP:

Tirando a parte dos poemas (por menos já desafiei "grandes vultos" para duelos), tem toda a razão!

Arrumado que está este assunto, vamos a outro.

Os blogs são espaços de liberdade criativa. Penso que, sobre isso, estamos todos de acordo. Mas, e sem querer puxar demasiado a brasa à minha sardinha, penso que só quem não conhece o Pastilhas, pode pensar que os portugueses descobriram agora as vantagens da internet no que à escrita diz respeito.
Muitos dos blogs que são mais admirados-e com toda a legitimidade e justiça- começaram a germinar no Pastilhas.
Por isso gostava de convidar a blogosfera a passar por lá, mas com tempo e com olhos de ler. Para além de poderem ler o mestre MEC , podem também ler escritos dos vossos , quiçá, blogistas preferidos. Está lá tudo; é um mundo a descobrir por quem estiver interessado. E é à borla. Tanto as consultas como os tratamentos.

Ainda outra coisa.
Eu não sou de "intrigas" , mas diz que, amanhã, vamos descobrir a careca do Pipi !

E ainda outra coisa.
A Maria do Carmo Pereira desculpe, mas...tem mesmo a certeza de que não me acha graça mesmo nenhuma? nem um niquinho?...
Vou fazer uma última tentativa: vou , especialmente para si, estrear uma nova anedota.
É que insisto em, pelo menos, fazê-la sorrir! vamos lá:

O Capuchinho vermelho encontra o Lobo Mau na floresta. Diz o Lobo à Capuchinho:
- Capuchinho, vou-te comer uma coisa que nunca ninguém te comeu!...
E responde-lhe a Capuchinho:
-Olha, filho, só de for o cesto!...

então? nem um sorrisinho?...

Ana [6/27/2003 01:25:00 da tarde]

 

Bom dia!

Andei a dar a minha voltinha matinal pelos blogs, e percebi que há muitos blogs com o problema dos acentos, ou lá o que é. Estou convencida que isto é uma praga de alguém que não gosta da blogosfera. E não pensem que estou a insinuar que se trata de uma vingança do excelso Pedro Rolo Duarte, porque eu até concordo com o Miguel.

Bom, sobre este problema técnico do blog, recebi vários e-mails com sugestões de resolução.
O problema, é que todas as soluções são...completamente diferentes! O que, não só me deu vários nós no cérebro, como me convenceu definitivamente do meu autismo informático. Claro que experimentei todos e, coitadito do blog, deve ter ficado tão confuso com as minhas indecisões e experiências várias que resolveu "autodestruir-se" para me poupar trabalho. Ou seja, de cada vez-e depois da quinta mudança- que eu tentava gravar as alterações no Settings , o computador desligava-se. Por ordem do blog, claro!
De maneira que , algo contristada, continuo à espera que a tempestade passe .

Sobre o que se passa com os comentários, não sei explicar. Aliás, nem fui eu quem os pôs, porque os meus conhecimentos não chegam para tanto. A minha engenheira informática vai, mal possa, tratar disso. Até lá podem , se quiserem, só se quiserem, que aqui ninguém obriga ninguém a nada, usar o meu e-mail.
Mas, aviso já, esta manhã já recebi o e-mail antipático da semana. Pelo que se for antipática a mensagem que pretendem enviar, peço-vos, encarecidamente, que a guardem para uma próxima oportunidade.
Desse e-mail darei conta daqui a bocado, que agora tenho de ir ali sorrir ao meu director, que hoje veio mais cedo, e a quem eu preciso pedir um aumento.

I 'll Be Back!

Ana [6/27/2003 12:23:00 da tarde]

[ quinta-feira, junho 26, 2003 ]

 

Pois com certeza!

Isto hoje é só mudanças no Blogger. E eu que não percebo nada disto e que já estava habituadinha a carregar nos sítios do costume, como os putos , e a ser servida sem surpresas.
Tá mal.
O cérebro da gente não é elástico, ó senhores do Blogger!

Quer-se dizer, ando eu aqui afobada ( é português do Brasil) , a tentar acabar um trabalhinho que me encomendaram sobre Fellini; a ter de rever o "8 1/2", o "Anacord", o "Satyricon", o " C'Eravamo Tanto Amati", etc; e a ler tudo o que foi escrito sobre...e tenho de deixar estas coisas menores-há que dizê-lo com frontalidade- para me preocupar com o Blogger que, como todos sabem, é fundamental para a vida de uma pessoa que é pessoa.

Qualquer dia, estou eu a perder tempo a dissertar, em público, sobre Cesare Pavese, ou outro que tal, e telefonam-me a dizer que o meu blog está sem acentos e sem comentários!
Como pode uma pessoa, depois, concentrar-se em fait-divers? hã? Como pode uma pessoa andar sossegada na rua, sem saber se o seu blog está em termos?

Senhores do Blogger, tende tento e pensem no nosso pobre órgão muscular, agente principal da circulação do sangue. Estes problemas são tamanhos que nos podem mandar para uma cama de hospital, entrevadinhos de todo, a espumar pela boca e a revirar os olhos como aquela rapariga loira, ai que se me escapa o nome....Reis...hum...Linda Reis , é isso!, como a Linda Reis, coitadinha, que a mim ninguém me tira da ideia que ela se meteu nessas coisas dos espíritos porque não sabe que existem blogs. [ ok, ok, agora é para dizer, e escrever, blogue, mas eu sou sempre a última a aderir às modas. ]

Estou aqui que nem me aguento, de tão preocupada, por via disto tudo que me está a acontecer aqui ao coisinho.
Façam-me lá as obras depressinha, se fizerem favor, se não eu ainda me ponho a fazer coisas parvas, a perder tempo com leituras sem sentido, como por exemplo este "paper" que tenho aqui à minha frente e que , à viva força, me quer fazer crer que a Diplomacia , e cidadãos como : H.Kissinger, Richelieu, Bismarc, Napoleão, Clemanceau, Metternich, Castlereagh ( é o nome mais idiota que conheço! ) , Kennedy, Krushev, Le Duc Tho, Roosevelt, W.Wilson, Talleyrand, etc, são muito mais interessantes que os ilustres dos blogs!
As if!...

Vá, arranjem-me lá o blog que cuido que morro!

Até mais logo, se não for antes.

( E não posso colocar imagens! Irra! )

Ana [6/26/2003 06:25:00 da tarde]

 

Bom dia!

Oh valha-me D-us! O que me fizeram aos acentos?
Tu queres ver que estou a ser atacada por aliens???? Socorrrroooo!

O que é que eu faço? Digam-me! Por favor!

Ah! e de cada vez que tento editar um post antigo...o computador vai abaixo! Irra!

Me ajudem, pleaseeee...

Ana [6/26/2003 11:34:00 da manhã]

[ quarta-feira, junho 25, 2003 ]

 

Mais agradecimentos:

Eu n?o sei quem é o Jo?o do magn?fico panoparamangas , mas tenho de lhe agradecer e mandar um grande beijinhos pelo link. Muito obrigada. Prometo que, agora, ( e também pela responsabilidade que é estar "linkada" no meu favorito Aviz ( n?o, n?o sonhei, s? que como explica o Francisco, h? um problema com a coluna da direita) ) vou tentar provar que este blog tem algum sumo; e que merece os links. Muito obrigada!

lembrei-me, entretanto, de fazer um esclarecimento. A fotografia que escolhi no post anterior foi colocada, apenas, por ser uma obra de arte. E porque o homem que ma sugeriu gosta dela e eu nunca lhe consigo dizer que n?o! De maneira que as duas raparigas que me enviaram e-mails , convidando-me para um jantarinho a duas e para uma sauna ...podem tirar o cavalinho da chuva!
Chiça!!!!

Ana [6/25/2003 04:54:00 da tarde]

 



[ Eadweard Muybridge
Woman pouring a bucket of water over another woman
1884-85 ]




Ana [6/25/2003 03:05:00 da tarde]

 

Uma vez ofereceram-me um livro que nunca mais esqueci.
[Eu sei que , esta frase, pode servir para uns cento e cinquenta mil outros livros que me ofereceram, e que eu nunca mais me esqueci também, mas apeteceu-me começar assim.]
Foi, salvo erro, em 1997; e o livro dava pelo nome de: "O Homem Que Julgou Morrer de Amor", seguido de um actual: " O Casal Virtual". O Livro é de Manuel Jorge Marmelo.
Desde então já li vários livros dele; tendo, nos últimos dois natais, recebido os mais recentes. Tenho várias coisas em comum com este escritor, que não conheço pessoalmente: a idade; o Porto como berço, e a profissão de jornalista.
E , graças a um dos jornalistas portugueses que mais respeito, o mestre d' Aviz, descobri que Manuel Jorge Marmelo tem um blog. Acho que deviamos todos visitá-lo.

Outra coisa.
Tinha prometido, no outro post, fazer a vossa carta astral. Menti, claro.

Mas as imagens cá estão.

Ana [6/25/2003 02:34:00 da tarde]

 

Bom dia!

Ando com a correspondência atrasada.Por isso só hoje agradeço o e-mail, informativo e simpático dos excelsos Carlos&Caetano. Agradeço também a todos os blogistas que ontem me mandaram mensagens simpáticas por via da efeméride. :)
Sim, porque ontem foi um dia muito especial: Dia Internacional dos Discos Voadores-Ovnis.
Foi mesmo ! :)

Eu, sinceramente, às vezes gosto de efemérides; de as mencionar.
Por exemplo hoje, e como não tenho assim ideias mais originais e brilhantes, assinalam-se os cem anos do nascimento de George Orwell.
Lembrei-me de falar nisto porque, há uns anos , numa aula de Ciência Política, apresentei uma "tese", sobre Orwell, onde apontava a sua experiência sobre a Guerra Civil Espanhola , como a "raiz" dos seus pensamentos , posteriormente traduzidos em livros magníficos, políticos. Sim, estou a falar do "1984" e do "BigBrother". E, apesar de toda a gente que estuda estas questões estar de acordo, e eu não ter, nessa altura, descoberto a pólvora, fiquei contente por haver quem recorde estas ideias. Porque é sempre importante, penso eu, não esquecer a origem das coisas; e dos pensamentos.
E como é sobre isso que fala hoje o editorial do " Público, lembrei-me!

Já cá volto para colocar umas imagens, que isto tem andado pouco colorido; e para vos fazer a carta astral! :)

Ana [6/25/2003 11:38:00 da manhã]

[ terça-feira, junho 24, 2003 ]

 

[ Dois presentes que me deram hoje! ]

Elizabeth Barrett Browning

Sonnets from the Portuguese

If thou must love me, let it be for nought
Except for love's sake only. Do not say
'I love her for her smile—her look—her way
Of speaking gently,—for a trick of thought
That falls in well with mine, and certes brought
A sense of pleasant ease on such a day'—
For these things in themselves, Belovèd, may
Be changed, or change for thee,—and love, so wrought,
May be unwrought so. Neither love me for
Thine own dear pity's wiping my cheeks dry,—
A creature might forget to weep, who bore
Thy comfort long, and lose thy love thereby!
But love me for love's sake, that evermore
Thou mayst love on, through love's eternity

**************************************************************
W.B.Yeats

A Crazed Girl

THAT crazed girl improvising her music.
Her poetry, dancing upon the shore,
Her soul in division from itself
Climbing, falling She knew not where,
Hiding amid the cargo of a steamship,
Her knee-cap broken, that girl I declare
A beautiful lofty thing, or a thing
Heroically lost, heroically found.

No matter what disaster occurred
She stood in desperate music wound,
Wound, wound, and she made in her triumph
Where the bales and the baskets lay
No common intelligible sound
But sang, "O sea-starved, hungry sea.'


Ana [6/24/2003 05:31:00 da tarde]

 

ANIVERSÁRIO

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


´[Álvaro de Campos, 15-10-1929 ]



Ana [6/24/2003 12:48:00 da tarde]

[ segunda-feira, junho 23, 2003 ]

 

E então abri a janela e vi-a. Os arcos gémeos; imponente.A ponte d'Arrábida.
O meu pai tinha-me prometido atravessá-la comigo, de carro, claro.Faz , daqui a bocadinho, anos; tal como eu e a ponte. A ponte, que nasceu dois dias mais cedo, fazia, na altura, dez anos.Eu fazia dois. Mas lembro-me.
Ou se calhar não lembro, mas de tanto me falarem desta travessia , de tanto a imaginar assim magnífica e mágica, é como se me lembrasse.
Associo sempre a ponte d' Arrábida ao São João e a mim. Tudo dentro da minha cidade.
E é impossível pensar noPorto sem pensar nas pontes. E no São João, claro.( E no FCP, carago! )
E, nos próximos milhões de segundos, vai estar tudo em festa; aliás já está.
Ainda hoje é tradição ir para as pontes ver o fogo na noite de 23 para 24. Martelinho, alho porro, manjerico, e uma "erva de cheiro" (nunca me lembro qual é )na mão.
Toda a noite e madrugada. Tanto de um lado como do outro. Porto e Gaia, de pontes dadas. São as mãos.
E faz medo atravessar as pontes a pé...mas nessa altura não há medos, porque , lá em cima, é possível estender a mão e tocar nas luzinhas e no fogo que rebenta no céu.
E os portuenses ficam muito juntinhos ,a olhar para o éter e a ver as estrelas e o fogo-de-artifício a brilhar. Pum...Pum.. e a estoirar.

[ A ponte da Arrábida faz 40 anos. Eu ainda não...ufff! ]

O Porto é , também, uma cidade de poetas. Onde se respira poesia. Mas- ainda hoje é assim- muitos deixam a cidade. Tarefa fácil, parece-me, justamente porque não faltam pontes de passagem para outras margens.
Um desses poetas é Sousa Viterbo.Lembrei-me dele porque, há 30 anos, quando atravessei a ponte d' Arrábida pela primeira vez, o meu bisavô ainda era vivo e foi ele que levou Sousa Viterbo lá para casa. Era um amigo, como ele dizia. "E bom médico." E era um poeta.E era do Porto.
E , sobre ele, Camilo Castelo Branco escreveu: "Sousa Viterbo: É médico, como Júlio Dinis, e também do Porto, donde os poetas, que lá não morrem como o rouxinol do amador da Menina e Moça, alam-se para outras montanhas como as cotovias quando ouvem crocitar o corvo na escarpa da serra."
E escreveu muitas coisas mais, mas não as tenho comigo. Tive de ir "roubar" a frase aqui. E também tem lá um poema . Muito bonito e expressivo.
O que tem a ver isto com a ponte, o São João e eu, não sei bem. Mas parece-me muito lógico.





Ana [6/23/2003 02:09:00 da tarde]

[ sexta-feira, junho 20, 2003 ]

 

Bom dia!

Muito obrigada a todos e a todas que me tentaram ajudar a colocar o contadorzito! Já cá canta.
Eu segui as instruções que me deram , e as dos sites...mas acabei por fazer o que costumo fazer sempre; pedi à minha amiga Tânia, claro!
[Eu sou uma nulidade; eu devia era fazer como aqueles iranianos, alguns ainda descendentes de Zaratustra, e imolar-me! ]

De maneira que vou mas é para as termas ;descansar. Vou com uma senhora muito simpática, já entradota nos anos.

Mas isto fica a contar, atenção! Não há cá desculpas.

Frases inteligentes, citações dos escritores e pensadores mais na moda e assim...hoje não temos. Talvez lá para segunda-feira , se calhar bem.
Queria era dar, também , as boas vindas à blogosfera, ao Francisco José Viegas . O Link já cá está desde ontem, mas faltou esta chamada de atenção. Gosto muito dele. Do que escreve e do que diz. E, além disso, é muito charmoso , que é!

Voltando às termas. Não sei se há lá vídeo. Se houver gostava de pôr aqueles velhotes todos a ver, ou rever, este filme:
[ Pelo menos não me consigo lembrar de um filme mais apropriado; se não vejamos: vou meter-me numa espécie de sanatório , sem perceber nada de geriatria , com uns 30 velhinhos e velhinhas amorosa(o)s , para descansar! Se isto não é surreal; se isto não é avant garde nada é! ]

E agora uma prendinha para o meu amor. ( Mas tratas tu das viagens que eu devo voltar muito cansada de tanto ajudar os velhinhos a atravessar as termas....)

Ana [6/20/2003 12:36:00 da tarde]

[ quinta-feira, junho 19, 2003 ]

 

Uma mensagem sem garrafa

Eu quero um daqueles contadores que toda a gente tem nos blogs.
Quero saber se é mesmo verdade que TODA a gente com quem falo visita cá o estaminé. É que me parece muita fruta.
Sendo assim, e não percebendo eu a ponta d'um corno de como se atasca cá o contador e onde se compra , peço-humildemente- ajuda a quem souber que me diga como se faz. E quanto custa. E se gasta muita luz .
Em caso de eu não perceber...Tânia, já sabes...podes tratar-me do assunto? :)

Muito agradecida!

[ Eu adoro a rapidez da internet! Não é que já há gente -da melhor! - a querer ajudar cá esta pobre mocinha ? Obrigada 100nada! Vou tentar seguir as instrucções! Iupi!

Ana [6/19/2003 06:22:00 da tarde]

 

About Love




Ana [6/19/2003 11:47:00 da manhã]

 

Raglan Road

On Raglan Road of an autumn day I saw her first and knew
That her dark hair would weave a snare that I might one day rue
I saw the danger and I passed along the enchanted way
And I said let grief be a fallen leaf at the dawning of the day

On Grafton Street in November we tripped lightly along the ledge
Of a deep ravine where can be seen the worth of passion's play
The Queen of Hearts still making tarts and I not making hay
Oh I loved too much and by such by such is happiness thrown away

I gave her gifts of the mind I gave her the secret signs
That's known to the artists who have known the true Gods of sound and stone
And words and tint without stint, I gave her poems to say
With her own name there and her own dark hair like clouds over fields of May

On a quiet street where old ghosts meet I see her walking now
Away from me so hurriedly my reason must allow
That I had loved not as I should a creature made of clay
When the angel woos the clay he'll lose his wings at the dawn of day

(Patrick Kavanagh)

Ana [6/19/2003 11:24:00 da manhã]

[ quarta-feira, junho 18, 2003 ]

 

Things to Remember

Ana [6/18/2003 12:59:00 da tarde]

 

Bom dia!

O meu querido amigo Luís Camilo Alves deseja casar; e eu acho bem!
Só espero que tenha cuidado a escolher.


Ana [6/18/2003 12:22:00 da tarde]

[ terça-feira, junho 17, 2003 ]

 

O que é que dizia Lord Henry Wotton, a Dorian Gray , sobre a beleza?





Ana [6/17/2003 06:14:00 da tarde]

[ sexta-feira, junho 13, 2003 ]

 

Bom dia!
Algumas amigas minhas queixam-se que eu nunca as homenageei aqui no blog!
Como não quero que lhes falte nada , aqui fica a homenagem, sentida.



Ana [6/13/2003 01:30:00 da tarde]

 

( Para o Leonardo! )

Ana [6/13/2003 10:28:00 da manhã]

 



Ana [6/13/2003 10:11:00 da manhã]

 

Até mais, Gregory!

Ana [6/13/2003 09:37:00 da manhã]

[ quinta-feira, junho 12, 2003 ]

 

E destes também

Ana [6/12/2003 05:46:00 da tarde]

 

Gosto muito deste filme.


Ana [6/12/2003 05:39:00 da tarde]

 

Bom dia!

A culpa é vossa!
Sinto-me amordaçada. Sinto-me não apoiada. Sinto-me injustiçada. Eu própria sou uma exilada política de um universo bloguistico que se diz democrático.
Cabala. Perseguição infame ( paz à sua alma).

Na minha Casa, há quase dois anos , eu comecei por mostrar o cérebro...e levei na cabeça.
Aqui, nos blogs, escondi o cérebro ( quer dizer, mais ou menos) , quero é brincadeira...e a coisa não corre lá muito bem.
Por isso...vou exilar-me no Brasil! Descobri que lá está o meu verdadeiro blog gémeo. É Este!

Vou para lá. Pronto.

E, depois, vou até ao meu país do coração. Combater.

Mais nada!

Ana [6/12/2003 10:37:00 da manhã]

[ quarta-feira, junho 11, 2003 ]

 


Ana [6/11/2003 11:39:00 da manhã]

 

Look at me, I'm as helpless as a kitten up a tree ...


Ana [6/11/2003 11:13:00 da manhã]

 

Goooood Morning!

[Manipanço! Estive horas para me lembrar desta palavra ontem ! E acabei por só me lembrar hoje...]

Ora bem , era a reinar aquilo de me mandarem e-mails com sugestões de blogs para eu dizer mal! Tal como dizia o outro: não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí.
O que tem mais graça ainda, é que recebi vários e-mails com essas tais sugestões. Alguns e-mails chegaram-me devidamente assinados, e com os respectivos links dos blogs; outros eram do género anónimo.
Lamento desiludir as pessoas, que lamento...mas estava mesmo a brincar e não pretendo dizer mal do que quer que seja ...a pedido; fá-lo-ei se para aí estiver virada.
Claro que, em dando cacetadas , tenho já a postos o meu poder de encaixe , porque, lá está, quem dá cacetadas tem de ter arcaboiço para as receber de volta.
Mas não; não vou entrar na maledicência por enquanto.

Resta-me , então, fazer algo lúdico deste meu blog.
Pensei em organizar um torneio de futebol de sete, mas estamos no defeso e a malta deve andar cansada; atirar o pião também era giro, e moderno, mas...falta-me o material que, por cá, tem andado esgotado; Ginástica ritmíca também não me parece mal pensado, mas acho que os rapazes não se portariam muito bem e as raparigas , eu incluída, poderiam não dar conta do recado. De maneira que, se calhar, o melhor era um torneio de bisca lambida...ou mesmo de burro.
O burro é um jogo muito interessante. A malta está ali a jogar, descontraída , a beber e a comer à fartazana...e, de repente:- Burro!!! Eu cá acho muito emocionante.
Também era giro um concurso de cuspidelas...
Ou karaoke! Isso é que eu gostava de ouvir a malta dos blogs a cantar lindas cantigas como, por exemplo, o "Taras e Manias" de Marco Paulo; ou " A Garagem da Vizinha" de Quim Barreiros. Para os menos nacionalistas e eternos adeptos do lema: -o que é estrangeiro é que é bom , sempre se arranjavam modinhas como " Nathalie" de Julio Iglesias, ou, para os mais modernos, o "Rape Me" dos Nirvana. Isto é um suponhamos , podem escolher o que quiserem.
Dança. Um concurso de dança também era muito catita. Até se podia fazer um dois-em-um; uns cantavam e os outros dançavam.
Que me dizem, lads?
Fico à espera de respostas , na volta do correio, e de sugestões. Ai que vai ser tão divertido!!! Assim, todos juntos, vamos parecer os " Cabeças No Ar"!...







Ana [6/11/2003 10:24:00 da manhã]

[ terça-feira, junho 10, 2003 ]

 

Bom dia!
[ é dia , para mim, até ao cair da noite ]

Eu gostaria muito de , neste blog, bater o recorde de participações/comentários. Por isso peço, encarecidamente, que me digam quais as pessoas mais susceptíveis da blogosfera , para que eu possa -de alguma forma- beliscá-los. Sei que esse é o caminho mais certo para atingir picos de audiência.
Muito obrigada e fico à espera dos vossos e-mails!

Mais uma coisinha. Também faço este outro apelo, mais humanitário. Todos sabemos que, nos dias que correm, com tanta carnificina, guerra, etc, há muitas vítimas que precisam de nós para continuar a viver. Não, não peço dinheiro. Peço algo de mais íntimo. Algo que vem de dentro de vós.Por isso, especialmente para vós com um humor mais alternativo, aqui fica o apelo: ide dar sangue !
Muito Obrigada!

Ana [6/10/2003 03:46:00 da tarde]

[ sexta-feira, junho 06, 2003 ]

 

O Humor e a falta dele

Vem isto a propósito das reacções ao bom humor da querida Papoila.
Já Camilo Castelo Branco, e muitos outros, o disseram: Rir, rir de tudo, dos outros e de nós, é fundamental.
E é mesmo. E por isso, quando ontem li os relatos bem dispostos que a Papoila fez do " É a Cultura, Estúpido!", ri-me muito. Mas não me ri das pessoas que a Papoila descreve, ri-me porque o texto é muito engraçado e o objectivo era fazer rir; não insultar ninguém. E é por isso que me encanitam ( apesar de , infelizmente, previsíveis) as reacções violentas aos escritos da Papoila. Ninguém insultou ninguém; apenas foram feitos comentários ,bem humorados , ao aspecto exterior de pessoas.A descrição de uma pessoa não é um insulto. Todos nós os fazemos, mesmo o que agora possam estar irritados. Quando algum dos ofendidos volta a rir da descrição de alguém, talvez perceba que isso é normal, e faz bem! E talvez olhe para o espelho e diga: " ó pá, se calhar fiz figura de urso ao ofender-me por tão pouco"; ou não.

Rir, rir é sempre o melhor remédio.
Até este senhor o faz, juro!

Ana [6/06/2003 12:02:00 da tarde]

 

Bom dia!

Queria que fossem os primeiros a saber: o nome de Portugal também vai ser afectado pela " revolução" no New York Times. Também eu, nas colaborações que com ele faço ( snif...fiz! ) me deixei levar pela ganância...e recorri ao plágio. De maneira que se descobriu que , em vários artigos, plagiei o Luís Delgado.Peço desculpa e declaro-me arrependida.

Agora siga a rusga:

Aqui há atrasado estava eu a ler um daqueles livros grossos e sem figuras , numa explanada junto ao Sena , quando chega à minha beira uma família portuguesa de turistas. Abancam-se , pedem uns crepes , dois cafés e duas laranjadas para as crianças; e começam a conversar. Diz o cabeça de casal: " Já vistes, Nanda, são todos muito finos mas nem caixotes do lixo arranjam para meter nos jardins"; E a cabeça de casal , a Nanda, responde : " Lá estás tu a desdenhar, não sabes que há apanhadores de lixo? ainda há bocado passou aqui um a apanhar papeis ; assim sempre se criam mais empregos;eu gosto muito da França, do que eu gostava era de viver cá. (pausa )... chiça!, que café merdoso, não se compara ao nosso, não achas Tó? "

Acho que ele disse que achava, com a cabeça , mas não me lembro já bem. O resto da conversa é que ficou registada e nem sei porquê, já que não é nada de novo, e nem tem assim muita graça. Mas, enfim, é preciso matéria para o blog.

E hoje temos uma imagem diferente e que requer explicação: Não é porque as raparigas navegam na teia; têm blogs; usam óculos e lêem livros grossos e sem figuras , que são, por isso...camafeus.
Para desmistificar essa ideia , venho, por este meio, mostrar-me ao mundo.
Aviso é já que estou comprometida...e o meu namorado é ciumento.

[ Bom aqui tinha uma fotografia; mas a porcaria da fotografia agora não "funciona". De maneira que o melhor é imaginarem aqui uma rapariga muito jeitosa e bonita; ou não. É convosco. Usem a imaginação...]

Ana [6/06/2003 10:46:00 da manhã]

[ quinta-feira, junho 05, 2003 ]

 

Tríptico

«Transforma-se o amador na coisa amada», com seu
feroz sorriso, os dentes,
as mãos que relampejam no escuro. Traz ruído
e silêncio. Traz o barulho das ondas frias
e das ardentes pedras que tem dentro de si.
E cobre esse ruído rudimentar com o assombrado
silêncio da sua última vida.
O amador transforma-se de instante para instante,
e sente-se o espírito imortal do amor
criando a carne em extremas atmosferas, acima
de todas as coisas mortas.


Transforma-se o amador. Corre pelas formas dentro.
E a coisa amada é uma baía estanque.
É o espaço de um castiçal,
a coluna vertebral e o espírito
das mulheres sentadas.
Transforma-se em noite extintora.
Porque o amador é tudo, e a coisa amada
é uma cortina
onde o vento do amador bate no alto da janela
aberta. O amador entra
por todas as janelas abertas. Ele bate, bate, bate.
O amador é um martelo que esmaga.
Que transforma a coisa amada.


Ele entra pelos ouvidos, e depois a mulher
que escuta
fica com aquele grito para sempre na cabeça
a arder como o primeiro dia do verão. Ela ouve
e vai-se transformando, enquanto dorme, naquele grito
do amador.
Depois acorda, e vai, e dá-se ao amador,
dá-lhe o grito dele.
E o amador e a coisa amada são um único grito
anterior de amor.


E gritam e batem. Ele bate-lhe com o seu espírito
de amador. E ela é batida, e bate-lhe
com o seu espírito de amada.
Então o mundo transforma-se neste ruído áspero
do amor. Enquanto em cima
o silêncio do amador e da amada alimentam
o imprevisto silêncio do mundo e do amor.

Herberto Helder

Ana [6/05/2003 06:47:00 da tarde]

 

Mas..estes também...



Ana [6/05/2003 03:58:00 da tarde]