Hoje, o Correio da Manhãdiz que o Vaticano quer gerir o Santuário de Fátima, que os Bispos que o gerem devem ser afastados e tudo porque o Dalai Lama lá foi rezar. Ou seja, que estão a levar o ecumenismo longe de mais.
Provavelmente a história está mal contada e não será verdade...mas se for, se for verdade, não é caso para mandar o Vaticano meter o nariz onde é chamado?
Eu cá não sei; mas fiquei chocada apenas com a possibilidade...
Entretanto, como dragona, super-dragona, tenho a dizer que nunca serei capaz de cuspir no José Mourinho. Hoje lá vai o meu FCP visitar o Chelsea; fiquei triste por ouvir o meu Presidente dizer que dragões são só os que jogam no Porto. Alfinetada ao Mourinho e aos jogadores que ele levou para as terras de Sua Majestade. Pois sei dizer que não concordo. O Mourinho foi o treinador que mais alegrias, seguidas, me deu; a mim e a todos os portistas. Mesmo que ele tenha mau-feitio, e mesmo que diga eventualmente coisas pouco simpáticas em relação à direcção portista, tendo sempre a perdoar-lhe. Pronto, não totalmente...
Mas tendo sempre ,também, quando a vejo, a dizer baixinho , para mim: « obrigada, muito obrigada!». De maneira que ninguém conte comigo para dizer mal dele.
E aproveito também para informar que hoje, ao pôr-do-sol, começa a «Festa Da Nossa Alegria». Sucot/Sukkot; a nossa Festa das Cabanas! Ana [9/29/2004 10:07:00 da manhã]
[ terça-feira, setembro 28, 2004 ]
A dança da Chuva
[cof..cof...cof... ]Bom:
A blogosfera é uma seca!
Eu própria estou uma seca. Ou sou. Vocês , caros e queridos colegas na blogosfera, também.
[O mundo uma zurrapa infame.] Na blogosfera:
As picardias brejeiras, os assuntos prementes--moucos e senis..pfff
Fala-se de Paris como do paraíso...pfff [ havíeis de cá pagar impostos que isso passava-vos logo, camaradas...]
Pululam grupelhos extremistas e ainda há quem lhes dê toco. ..da-se!
Juntam-se os conselhos desastrados embrulhados em ideias absurdas e , em resposta, respostas com galhardia.
Mas será que já não há vergonha na cara? Hum...
Passo uns dias longe da teia e quando cá chego até se me doem as córneas.
Os tímidos que só sabem que nada sabem; outros que acham que sabem tudo. E isto mulpiplicado 1145469871222365 vezes!
Olha que meninos!
É justamente por isso, caríssimos, que voltei.
Não. Não para mudar o espírito da coisa. Mas porque estarei entre iguais.
Tou lixada...
Bem tento, mas curto mesmo bué a blogosfera! :)
(Entretanto vi, pela primeira vez, aquele filme do Chaplin, com a Sophia Loren e o Marlon Brando , em que ela faz de russa e ele de diplomata milionário americano , vão os dois de barco de Hong-Kong para os EUA , mas ela é clandestina e esconde-se no camarote dele e ele , boa alminha ,aceita escondê-la e até lhe empresta um pijama amarelo , que lhe fica largo, e mais tarde vai-lhe à loja comprar um fatito verde tamanho 60 e ela é esbelta e usa , no máximo, o 36, de maneira que a roupa não lhe serve para nada e dentro do pacote da loja vai também um soutien , tamanho 50, que mais parece dois ovnis ligados , e que também não lhe serve de nada e , entretanto, para fazer com que ela possa sair do barco legalmente--no Hawai-- o Marlon diz para ela casar com o criado de quarto dele e ela, coitada, acaba por aceitar porque começa a ver a vida dela a andar para trás e quer é pôr-se a milhas, mas o promovido a marido é tão excitante como um filme do Paulo Branco que ela acaba masé por se atirar do barco e nadar até à costa, isto não sem antes ter havido no filme uma cena muito bonita em que ela, ele e mais um amigo dele ( ele é o diplomata ) vomitam alegremente , ela na sanita do WC e eles pelas escotilhas; e depois de se saber que a mulher do diplomata ia subir a bordo do barco, apesar de já estar a ser tratado o divórcio da esposa com o diplomata o que não impede, no entanto, que as aparências tenham de ser mantidas, e então a Sofia, a russa clandestina, lá se atira à água e fica instalada na areia à espera do amigo do diplomata , o do vomitanço, que a quer ajudar porque é bom moço, que mal a encontra na areia a leva para um hotel 5 estrelas em Wakiki ( reconheci o hotel, já lá estive ) , a expensas do diplomata , e depois o diplomata acaba por ir lá jantar, a esse hotel, mais a futura ex-mulher, e quando a russa clandestina está mais o amigo no hotel dá com o casal e acabam todos por jantar juntos e fazem de conta que são também um casal, mas a futura ex-esposa do diplomata pode ser loira mas não é estúpida percebe que eles não são nada casados, e depois o filme acaba com um hino ao amor que é o diplomata a mandar foder as aparências, a mulher , a diplomacia e o barco e a ir ter com a russa que se abancou no restaurante do hotel, a ver o barco pela janela e a roer-se de saudades antecipadas porque ,entretanto, se apaixonou pelo diplomata e a coisa termina com um beijo à moda antiga, suponho que sem língua.
Hum...podia ter dito só o título do filme...mas verreu-se-me.
E era só para dizer que gostei muito.) Ana [9/28/2004 01:18:00 da tarde]
[ quarta-feira, setembro 22, 2004 ]
"There is a crack in everything , that's how the light gets in"
Leonard Cohen fez (ontem )70 anos.
Em Outubro ( 25 na Europa, 26 nos EUA ) apresenta um novo disco:
Dear Heather
Entre 12(13) obras-primas [ tudo o que ele escreve, canta, diz e pensa, é obra-prima ] encontramos , por exemplo, isto:
On That Day
«Some people say
It?s what we deserve
For sins against g-d
For crimes in the world
I wouldn?t know
I?m just holding the fort
Since that day
They wounded New York
Some people say
They hate us of old
Our women unveiled
Our slaves and our gold
I wouldn?t know
I?m just holding the fort
But answer me this
I won?t take you to court
Did you go crazy
Or did you report
On that day
On that day
They wounded New York»
Rosh HaShanah é a celebração da criação do mundo. A cabeça do ano. Tempo de reflectir. De auto-avaliação.De reavaliação das nossas qualidades como seres humanos; e para quem é judeu, como judeus.É o retorno ao Bem. E ao Pai.Época de recordação e reflexão.
Mas Rosh HaShanah não é uma celebração apenas dos judeus. É uma celebração para todos os seres na terra.Ao som do shofar.Ao cair da tarde, mais logo:
-Veste-se roupas brancas e acendem-se velas.No meu caso.
E comem-se comidas que representam o bem e a feliz renovação do ano. Mel, muito mel para que o ano seja doce. Maçãs. Peixe e cabrito.
E reza-se por todos os que amamos. E pede-se justiça e paz.
hum...
Para os pouco espirituais imagino que este "réveillon" não pareça muito animador.
Certo; não se canta o «mamãe eu quero...» nem o « dizem que cachaça é água...» nem se emborcam litros e litros de álcool. Ok...também não se bate em tachos nem se atiram foguetes.[ aposto que esta parte agrada ao Rui Rio...] :)
Mas é muito bonito à mesma.
Ontem, e como todos os anos, realizou-se (no último domingo antes de Rosh HaShanah) a cérémonie du souverir. Uma cerimónia dedicada aos mártires da deportação em França.Às vítimas da Shoah. Na Grande Sinagoga de Paris.
Não sei explicar, mas o facto de ver reunidos , ali, sobreviventes da Shoah, do Holocausto, é de tal maneira forte, de tal forma precioso que chega a doer fisicamente. A alma, essa está e estará sempre dolorosa.
Foi, tal como é sempre, uma cerimónia simples e comovente.
Porque ao contrário do que muitos pensam ( é parte do eterno problema ) os sobreviventes não pedem vingança , nem se sentem sequer mártires.Não.
Apresentam-se apenas como testemunhas. Testemunhas.
São rostos e corpos marcados, a maioria literalmente,pelo sofrimento, mas transmitem paz.
Falam do horror sem pedirem que tenham pena deles; pedem apenas que ninguém esqueça.
Que não se permita que se volte a descer tão baixo humanamente.
E ali se reuniram sobreviventes, judeus novos e velhos , e muitos Justos.
Entoaram-se as orações , fizeram-se discursos. Tudo pela memória e nada, mas mesmo nada, pela vingança.
A Shoah perturba porque é o rosto da desumanidade.Porque mostrou até que ponto se pode descer em nome sabe-se lá de quê.
E é justamente por isso que não se pode esquecer; nunca; em nenhuma altura ou circunstância.
Nada tem paralelo. Mesmo neste mundo actual, onde a violência é tanta e tão diversificada. Nada.
É certo que quem não viveu o horror na carne não poderá nunca compreender totalmente o que aconteceu.
Fazemos uma ideia: imaginamos os horrores, a morte fria como a noite , como a neve, como o duche. A fome. A pancada, a humilhação.Os corpos sem carne. O sangue.Os sapatos , os cabelos , os óculos, as malas...
O gás. Os fornos. Os Kapos a rir. Os comboios em fila indiana. O arame farpado. Os buracos no chão repletos de corpos sem vida. A estrela amarela.
Mas nunca poderemos compreender na totalidade.
Nem chorar lágrimas suficientes.
E então , depois da cerimónia, saio com a minha avó, a minha avó judia, que tem mais de 90 anos e uma memória infinita, e beijo o rosto desses sobreviventes que , vendo-me afogada em lágrimas, me sorriem e me afagam as mãos. E tentam fazer-me sorrir.Como se fosse eu a mais necessitada de apoio e carinho.Solidariedade em estado puro.
E eu agarro-me a essas mãos castigadas,a esses braços numerados, e sinto que independentemente das críticas, da incompreensão, da injustiça e das mentiras de quem não admite que já se tocou no fundo, vou sempre lutar. Continuar a lutar. Não com armas, mas com a memória.
E quanto mais vezes ouvir «lá estão os judeus a falar do holocausto» mais falarei.
Porque é na memória que está a luz.E na voz.E na escrita.
Dei uma mão à minha avó, outra a Möse Wyman , que sobreviveu a Auschwitz e, rezando em silêncio: « Nosso Pai, nosso Rei, ilumina-nos; ilumina os Teus filhos ...», fui descendo a perpendicular à rue de la victoire a ouvi-los fazer planos para Rosh HaShanah...
Amanhã é dia de memória.
De lembrar o básico: Irmandade.
Mas o amanhã devia ser todos os dias; a começar hoje... Ana [9/10/2004 03:21:00 da tarde]
Do Humor Judaico
O simpático José Mário Silva[ post «FRANÇA-0; ISRAEL-0» ] fez uma piada com o resultado de um jogo entre coxos (franceses pós-Zidane ) contra a promissora selecção de Israel. Como empataram a 0, diz o Zé-Mário que eu não me posso queixar do anti-semistismo francês. Pronto, pá; tem alguma piada.
Um bocadito óbvia e tal; mas não ofende. Tem é teias de aranha por via do atraso. :)
Mal o jogo terminou centenas de milhar de cidadãos fizeram a mesma piada. Mas tem o seu mérito, que tem. :)
Levas um beijinho e os parabéns-- vergonhosamente atrasados!--pela progénie e pelo casamento ; essa convenção social tão conservadora e burguesa ). Esta do casamento é uma piada, claro. hihi
Não. Aproveitei esta dica do José Mário Silva para ir buscar um post do meu querido
Grão Vasco que diz assim:
«A armadilha Trabalho com uma judia que fugiu URSS para Israel e depois decidiu vir para Nova Iorque. Em Israel foi sargento mas a experiência não diminuiu o seu apurado sentido de humor. Volta e meia conta-me piadas sobre judeus, rematando sempre "só eu é que posso contá-las. Tu deves rir, por uma questão de educação".»
Lamento, Vasco, mas revejo-me. :)
Sou tal e qual essa tua colega judia.
Penso que é do conhecimento geral --e se não é deveria ser!-- que o humor tem um valor fundamental para os judeus. Está bem presente no Livro; nos códigos.
Mesmo nos momentos de maior diversidade o humor está presente. Quando me pedem para descrever um judeu eu digo: 90% água; 2,5% memória ;2,5% inteligência e bom senso ; e 5% de humor.
Se não concordarem o problema é vosso. ;)
Eu, que adoro rir e ( se possível) fazer rir, sou -na minha rua- especialista em humor judaico; em anedotas com e sobre judeus.
Mas não acho a mínima graça quando essas mesmas anedotas me são contadas por não-judeus. Assim como também não acho graça a que não achem graça às anedotas que conto.
Acho que tudo isto, e como diria o treinador Artur Jorge, é perfeitamente normal.
Exactamente como quando achamos graça se ouvirmos uma piada brasileira sobre portugueses, entre portugueses. Mas está fora de questão admitirmos que um brasileiro as conte à nossa frente! :) Ouviu, Glauco? hihi
São 10h e 48... e eu acho que vocês deviam ligar a TSF e ouvir o debate rosa entre Sócrates, Alegre e Soares.
Em 10 minutos já me fizeram chorar duas vezes; a rir , claro.
Com amigos assim, quem precisa de inimigos? Toca a ouvir... Ana [9/10/2004 11:47:00 da manhã]
No Brasil, conta-nos o Glauco Arns Moretti, andam a matar moradores de rua.
Extinção
Jacaré do papo amarelo, mico leão dourado, bugio, jaguatirica e arara-azul são algumas das espécies de animais que se encontram em extinção. Aqui no Brasil, por exemplo, se encontram pouquíssimos destes animais, e olha que nossa natureza é uma das mais ricas de todo o universo. Infelizmente, com a matança impregnada ultimamente, outro nome precisou ser adicionado na lista das espécies em extinção: Moradores-de-rua.
Pela velocidade da coisa, esta espécie acaba muito antes de todas as outras. E ninguém sabe o porquê disso. A pele não será vendida ou empalhada. Pelo pouco de conhecimento que tenho, ainda não se faz sapatos com pele de gente. E também não conheço nenhum colecionador de humanos.
Aliás, esta espécie sequer deveria existir. Mas já que existe é preciso preservá-la ao invés de extingui-la. Ou melhor, é preciso buscar maneiras de extingui-las sim, mas não com esta carnificina estabelecida, não só nos grandes centros como também em cidades de médio porte em todo território brasileiro.
Na Noruega, só para citar, até pode ser. É bem capaz de existir um cidadão qualquer que goste de dormir na rua. Mas isso acontece por uma escolha de vida. Maluca, mas escolha. Duvido que aqui no Brasil alguma pessoa goste de morar nas nossas vias públicas imundas, por prazer. Vive nos arrabaldes por simples falta de opção. Ninguém olha pra debaixo de uma ponte ou marquise e exclama: ?- Pronto, achei o lugar ideal pra mim. É aqui que quero viver, criar meus filhos, ficar velho. Perfeito!? Estão nas ruas, porque escolheram opções erradas durante a vida. Estão nas ruas por não conseguirem abandonar seus vícios. Estão pagando pelos seus erros, seus azares, suas malezas, mas não podem pagar isso com a vida, caramba!
Que prazer que se pode ter, meu Deus, em acabar com um pobre coitado que só fez e faz mal a si mesmo? E ninguém sabe o porque disso. Ninguém consegue aceitar o ponto que chegou a irracionalidade humana. Mas a irracionalidade humana, chegou, se estabeleceu e será sumanamente difícil extirpá-la.
Se por acaso, algum morador de rua estiver lendo estas linhas, ao cobrir-se e proteger-se do frio durante mais uma noite infeliz numa calçada suja intitulada de lar, leve a sério meu recado: - Esconda-se. Estão atrás de você. Querem acabar com sua espécie. E não é para fazer sapato ou algo parecido. É pelo puro, simples, inacreditável e infeliz prazer de acabar com vidas desprotegidas, tristes, confusas e azaradas.
Diz que anda para aí uma espécie de virus a destabilizar os comentários dos blogs . Pelos vistos o virus utiliza o nome de alguns blogueadores e deixa , em seu nome, comentários. Já me tinham avisado por e-mail , isto porque parece que o meu nome também está a ser utilizado pelo vírus. A essas pessoas respondi por e-mail dizendo-lhes que sou totalmente alheia ao facto, que lamento.
Ao que parece o vírus continua a atacar e, desta vez, no estrangeiros no momento. O Rui Fernandes , simpaticamente, percebeu que a culpa do vírus não é minha e aproveita para fazer um texto muito aceitável sobre Israel e a Palestina.
Digo , portanto, ao Rui e aos outros estrangeiros que, de facto, tudo o que envolve vírus e comentários me é completamente alheio. Que lamento o vírus e que lamento ainda mais não poder ajudar a solucionar o problema já que, em termos de informática, a única coisa que domino é a acção «ligar/desligar». Do computador.
De maneira que lamento e mando beijinhos aos estrangeiros em geral , e ao Rui em particular. Mais a mais gostei do texto, apesar de estar totalmente em desacordo com o último parágrafo. Para mim, a verdade absoluta, é que a chave do conflito está nas mãos dos países árabes vizinhos, e dos terroristas, e não nas de Israel. Mas isso sou eu.
Para quem hoje, na Ossétia do Norte,disse adeus à vida
ESTE LADO DA VERDADE
Este lado da verdade,
Meu filho, tu não podes ver,
Rei de teus olhos azuis
No país que cega a tua juventude,
Que está todo por fazer,
Sob os céus indiferentes
Da culpa e da inocência
Antes que tentes um único gesto
Com a cabeça e o coração,
Tudo estará reunido e disperso
Nas trevas tortuosas
Como o pó dos mortos.
O bom e o mau, duas maneiras
De caminhar em tua morte
Entre as triturantes ondas do mar,
Rei de teu coração nos dias cegos,
Se dissipam com a respiração,
Vão chorando através de ti e de mim
Deixem-me dizer que não tenho a mínima preocupação pela vida de terroristas.
Não acredito que quem se dedica a tais actividades perceba o que significa ser humano e, como tal, e sendo tão caro mantê-los em prisões, defendo que a solução ideal é dar-lhes logo um tiro nos cornos e pronto.
Desculpem lá a frontalidade, mas a hipocrisia não é o meu forte.
Há cerca de dois anos, quando um grupo de terroristas tomou um teatro de assalto , em Moscoco, e fez cerca de 800 reféns, eu, depois de terminada a história num banho de sangue, apontei o dedo aos monstros terroristas , mas também à Rússia.
Na altura isso causou-me alguns dissabores que agora não interessam.
Fi-lo porque tenho a perfeita conciência que, na altura, nem o governo russo, nem os terroristas, estava preocupado com a vida dos reféns. Aqueles pobres homens, mulheres e crianças estavam entregues à sua sorte.
A nível institucional, a nível de Estado, ou seja, político, é obvio que não se pode ceder às exigências dos terroristas. Era o que mais faltava. [ temos os vergonhosos casos das Filipinas e da Espanha ]
Mas , e aqui sim, tem de haver um mas, quando há reféns, e mesmo tendo em mente não ceder nunca, só depois de esgotadas todas as possibilidades é que se pode utilizar a artilharia pesada. Porque se não, os reféns não morrem apenas devido à doença, mas também à "cura".
Há cerca de dois anos, Putin, que é tudo menos um menino de coro, mandou avançar a tropa e foi o que se viu.
Ontem, hoje, isso já não aconteceu. Estou convencida que , desta vez, aquelas mães e pais angustiados, estão, pelo menos para já, a fazer Putin perceber que tem de tentar, obrigatoriamente, negociar. Obviamente que negociar não significa ceder às exigências, significa ganhar tempo ; um tempo que pode permitir encontrar uma solução que não a tragédia generalizada. E poupar vidas entre os reféns.
Depois, e tendo os reféns o mais seguros possível , é abrir fogo e mandar esses terroristas , todos, para o quinto dos infernos que é o lugar ideal para eles.
Bem sei que não é fácil e que é inevitável , provavelmente, que morram reféns. Aliás, pelos menos 12, já morreram.
Sabemos que não vivemos no melhor dos mundos, que a utopia não existe . Mas , apesar de tudo, acho sempre que pode haver uma solução, não a melhor, mas, pelo menos, menos má.Putin, desta vez, percebeu que a força só pode ser usada como último recurso e não como recurso primeiro.
Não pelos rebeldes terroristas, mas pelos reféns. Porque poupar os reféns, neste e noutros casos, tem de ser o mais importante. Mais importante do que esmagar vermes que, seguramente, poderão ser esmagados depois dos reféns a salvo.
Resta então aguardar por novos desenvolvimentos e, pela parte que me toca, rezar por aquelas crianças.
Tamara Buttershvili, 65 anos
karin Malka, 23 anos
Trienet Takala, 33 anos
Aviel Atash, 3 anos
Mais:
Emanuel Yossef, 28 anos
Denize Hadad, 40 anos
Shoshana Amos, 50 anos
Rozita Laman, 45 anos
Maria Sokolov, 58 anos
Tatiana Kortatzenko, 49 anos
Vitali Brodeski, 52 anos
Larissa Gomnenko, 48 anos