Crónicas Matinais

[ sexta-feira, junho 17, 2005 ]

 

Justo entre as nações

Entre 17 e 19 de Junho de 1940 Aristides de Sousa Mendes salvou a humanidade.
Que nunca se esqueça.


Ana [6/17/2005 02:49:00 da tarde]

 

Pois levas dois presentes Francisco! Um por cada ano: um poema e um beijo.

From The Frontier Of Writing

The tightness and the nilness round that space
when the car stops in the road, the troops inspect
its make and number and, as one bends his face

towards your window, you catch sight of more
on a hill beyond, eyeing with intent
down cradled guns that hold you under cover

and everything is pure interrogation
until a rifle motions and you move
with guarded unconcerned acceleration?

a little emptier, a little spent
as always by that quiver in the self,
subjugated, yes, and obedient.

So you drive on to the frontier of writing
where it happens again. The guns on tripods;
the sergeant with his on-off mike repeating

data about you, waiting for the squawk
of clearance; the marksman training down
out of the sun upon you like a hawk.

And suddenly you're through, arraigned yet freed,
as if you'd passed from behind a waterfall
on the black current of a tarmac road

past armor-plated vehicles, out between
the posted soldiers flowing and receding
like tree shadows into the polished windscreen.


[Seamus Heaney]

Ana [6/17/2005 02:25:00 da tarde]

[ segunda-feira, junho 13, 2005 ]

 

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
E o que nos ficou não chega
Para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
Gastámos as mãos à força de as apertarmos,
Gastámos o relógio e as pedras das esquinas
Em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro,
Era como se todas as coisas fossem minhas:
Quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
Porque ao teu lado
Todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
Era no tempo em que meus olhos
Eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
Uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
Já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
Tenho a certeza
De que todas as coisas estremeciam
Só de murmurar o teu nome
No silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade

Ana [6/13/2005 03:38:00 da tarde]

[ quarta-feira, junho 08, 2005 ]

 

Depois da Europa...os trabalhos manuais!
E o meu lema das páginas amarelas é:
Woody Allen
Masturbation Personality: Woody Allen


What's Your Masturbation Personality?
brought to you by Masturbation Techniques


[Via Controversa Maresia ]

Ana [6/08/2005 03:28:00 da tarde]

[ sexta-feira, junho 03, 2005 ]

 

Admitam e não se fala mais nisso!

Ontem ouvi Max Gallo num programa de televisão e, no momento , tive vontade de lhe arrancar os olhos. Ou a língua. Metaforicamente, claro.
Mas estava errada.
O argumento maior de Max Gallo para dizer Não ao Tratado constitucional é certo. É , aliás, o único argumento que está certo.
Todos os outros são irrelevantes.
Estou a ser arrogante? Olhem , paciência!
Façam de conta que sou francesa, pá!

E o argumento maior de Max Gallo é este: é irrealista transformar vinte e cinco(27) nações soberanas, com tantas diferenças e especificidades , numa única "federação".
A história já o provou e continua a prová-lo. Gallo defende que a única solução que pode dar resultados é fazer alianças entre alguns países , duas ou três nações juntas , até quinze . Mais é impossível; é utópico .
Tem razão!
Basta ver o que se passou em França e na Holanda para perceber , se formos realistas , que não há possibilidade alguma de um dia nos entendermos todos.
Finalmente descobrimos de que massa são realmente feitos os europeus.E a descoberta fez-se graças a um enorme erro. Lá está o povo a ter razão, quando diz que há males que vêm por bem.
Mesmo tratando-se de um Tratado constitucional e não de uma Constituição pura e dura, o maior erro de quem sonha uma Europa unida , foi ter começado com a ideia peregrina dos referendos populares.
Calma, não comecem já com comichões , a dizer que eu sou uma ditadora e o diabo a quatro , que se puserem o cérebro a trabalhar vão perceber que tem toda a lógica.
A nossa Constituição foi votada? E a Francesa? E a Alemã?
Claro que não. Nós - povo - votamos nos políticos, elegemo-los; depois de eleitos a função dos políticos é essa: fazer, analisar, aprovar ou reprovar. É esse o sistema democrático que faz o mundo evoluir; andar para a frente.
Pontualmente pode consultar-se o povo, claro.
Mas a espinha dorsal não pode ,nem deve , ser referendada. Leis pontuais sim; uma Constituição, jamais!
Querem perceber o que estou a dizer , percebam, não querem perceber e preferem apontar-me o dedo e chamar-me porca fascista, estejam à vontade que é para o lado que durmo melhor.

Bom, voltando à vaca fria: Entendimento , a partir de agora, é impensável. Abriram-se feridas e descobriu-se - porque só agora se consultou o povo e se deu oportunidade ao povo de se pronunciar sobre a União Europeia que , até há alguns meses , era totalmente desconhecida da maioria dos povos europeus - que, no fundo, ideias bonitas como solidariedade, igualdade e fraternidade não são válidas extramuros. Já intramuros sabe D-us!, quanto mais a vinte e cinco!
Um francês quer que os outros todos se fodam bem fodidos; um inglês idem , um dinamarquês idem aspas e um belga idem aspas aspas. Por exemplo.

Assim sendo, tomada que está a consciência de que o ponto comum entre todos é , apenas e só, a situação geográfica , mais vale irmos todos de férias -de preferência para outro continente - e deixar-mo-nos de palermices de uniões "políticas".
Só a economia continuará a ligar as nações europeias. O Resto são sonhos de noites de Verão. Muito calor = actividade cerebral reduzida.

Eu, que desde sempre dediquei os meus mais estimados ódios a vários pedaços da Europa , deixei-me seduzir pela ideia de uma Europa unida , forte e solidária, porque sou muito nova .
E , já se sabe, os novos não pensam.
Admito que errei. Tanto critico as ideias utópicas e acabei por cair no mesmo erro.
Mas graças à chapadona de realidade que levei, abri os olhos.

E,quando tiver de os fechar - daqui a muitos anos, espero! - que tenha apenas , à minha volta, espanhóis e ingleses. Juntos, como historicamente sempre estivemos, e nada de roedores de queijo ou fumadores de marijuana ! Mainada !

Para mim, a campanha pelo Sim acabou.
Disse.


P.S. Nada do que digo em cima modifica a raiva ,genuína, que me anda a roer por dentro ,sempre que ouço ou leio argumentos como : «Todos os argumentos são bons para votar Não ».
Posso mudar de ideias e dar o braço a torcer ,várias vezes por dia, se for preciso.
Mas em questões de princípio ,de moral se quiserem ,não cedo um milímetro.
No dia em que - depois de ouvir , por exemplo, os argumentos nazistas de Le Pen ou os da equipa camarária de Amesterdão cujo porta ?voz, ainda na segunda-feira, afirmava na televisão que os árabes muçulmanos deveriam ser expulsos dos bairros da cidade e que só se deveria dar dinheiro aos estrangeiros que provassem merecê-lo - eu deixar de gritar , bem alto, que quem diz coisas semelhantes merece punição exemplar... eliminem-me! Porque se esse dia chegar...não mereço melhor sorte.
E ponto final.

Ana [6/03/2005 12:48:00 da tarde]

[ quarta-feira, junho 01, 2005 ]

 

Nasceu a Leonor!

Para a querida mãe e para o querido pai todos os parabéns do mundo!
Para a princesa Leonor um presente : fraquito, umas mal traçadas linhas abruptas ,quiçá poesia. Já sabeis, terei alma de poeta, mas nem a pena, nem o talento, colaboram.
Quero lá saber. É do coração. Para os três.

L de Lealdade, LEONOR. Pequena flor - amor perfeito.
E de Embalar,enternecer -o toque dos teu pequenos dedos -entrelaçar
O de Obra-prima: olhos com estrelas, cheiro doce - algodão rosado.
N de Namorar-te : pegar-te e cantar-te canções com fadas -ver-te dormir.
O de Oração -pequeno anjo. De Obrigada. De Obrigado.
R de Recordar - pela vida fora - o dia em que o sol nasceu.
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[ Devem-me, os três, sete euros e meio de rímel -regard sublime- YSL. ]

Ana [6/01/2005 12:29:00 da tarde]