Estive a ler o bde e as suas "novas" teorias sobre Israel e, consequentemente, os judeus. E mudei de ideias. Afinal não há anti-semitismo nas cabecinhas , olhos e corações, de certos elementos desse blog. Há pura ignorância e cegueira. Infelizmente, para nenhum desses males há cura. Ana [8/26/2005 11:49:00 da manhã]
[ sexta-feira, agosto 19, 2005 ]
Resposta ao anúncio PROCURA-SE MULHER DE DIREITA
Caros acidentais, Para vocês: é onde vocês quiserem, quando quiserem. Não terei a envergadura intelectual da tal Rita Andrade que mencionam , mas terei um corpinho melhor. ;) Acho que o lugar me ficava bem, que sou alta. E de direita . Do lado bom da direita claro, nada de extremos. Mas deixem-me vender o meu peixe em jeito de CV alternativo: Faço parte do clube ao qual Camilo Castelo Branco chamava «esfoladores de reputações». Domino o trivium , mas já quanto ao quatrivium estamos mal. Quer-se dizer ainda arranho umas pianadas e acho alguma graça aos signos... Línguas cultas , bom...também não são o meu ponto forte, mas sei insultar , com primor, em grego ;e consigo dar nós nas sinapses de muita gente com a minha mania de , em momentos de maior tensão, esgrimir várias expressões em latim. Chego ao patamar mítico das doze por minuto o que não é de somenos... No entanto, confesso, dou-me melhor com o que Dante chamou de vulgari eloquencia. Sou do povo; é uma evidência. Mas não o foram também Dante, Lutero, Montaigne, Shakespeare, Cervantes e Camões? Ora bem. Mas , posso ser saloia, mas não sou estúpida. O meu pai uma vez até me disse que eu era uma espécie de Anselto de Besete da família. Peripatética , portanto. Isto porque dedicava grande parte das minhas tardes de menina e moça a percorrer as cortes , com mestria dialéctica. Ora o meu pai, que tem três cursos superiores completos, e um curso por correspondência por terminar-culpa dos CTT!- chamava-me então Anselmo, não devido ao excesso de pilosidades que , à época, era a minha imagem de marca [ um dia a minha empregada até me perguntou se tinhamos família no Brasil , e recordo-me vagamente dela citar um tal de Tony Ramos ] , mas porque arrotava as minhas postas de pescada mesmo em cortes. De animais. Muita dialéctica explanei eu às centenas de galinhas, coelhos , cavalos , vacas e outras bichezas da quinta familiar. Tal como Anselmo, também eu perdi tempo a exibir a minha erudição e retórica em cortes ignorantes. Deixei-me disso e descobri a depilação com cera quente. E resolvi ambos os problemas. Mas continuemos. Depois dessa fase pus-me a estudar filosofia e política. Com afinco. Li tudo o que me aparecia pela frente. E o que eu aprendi não tem preço. Mas, já se sabe, este mundo ,e ao contrário do que dizem certos cançonetistas de intervenção, não é composto de mudança, mas de ignorância. Certo dia, fazendo parte de uma equipa de jogos de sociedade, dei por mim a ser achincalhada numa vulgar partida de trivial pursuit. É certo que sempre usei a minha riqueza intelectual com discrição. Raramente me vanglorio do meu saber. Mas, caramba!, estavamos a perder por três queijos; e eu perder nem a feijões! Maneiras que escolhemos uma pergunta cor-de-rosa e fui escolhida ,por unanimidade, para dar a resposta, certíssima!, já que os meus companheiros de equipa não sabiam responder. A pergunta foi esta : Quem é o "pai" do Super-Homem!? E eu, toda lampeira , e seguríssima de mim respondi : «Nietzsche!» Cuidais que me agradeceram? Vilipendiaram-me foi o que foi. Cáfila... E uma tipa muito enfezada e com o cabelo todo gorduroso, da equipa adversária, ainda teve a lata de me dizer que eu ganhava mais se lesse BDs! Foi um golpe duro e, confesso, a partir daí contam-se pelos dedos as vezes que, em público, manifesto os meus conhecimentos. Às vezes passo por parva, como daquela vez em que me perguntaram , no intervalo de um colóquio da CAP, qual era o fardo do homem branco. Mas prefiro assim. Julgais que citei Rudyard Kipling? O tanas! Disse logo que era um fardo de milho transgénico ou, na pior das hipóteses, palha. Ou daquela vez em que um rapaz , sem cabelo, se me pôs a gritar aos ouvidos que ele era muito importante porque fazia parte da raça ariana , julgais que lhe expliquei as bases da ideia de raça ariana? Que lhe falei do profeta iraniano, Zoroastro? De Zaratustra? Da religião Persa? Nada disso. Em vez de gastar o meu latim dei-lhe um pontapé nos tomates. Enfim, aprendi a calar-me. Se me perguntarem quem foi Túpac Amaru , podem ter a certeza que não digo que se tratava do cacique peruano José Gabriel Condorcanqui, descendente dos imperadores incas; que liderou a maior rebelião indígena da história das Américas nos tempos coloniais. Digo mas é que é o novo reforço do FCP . Mais, se dentro do mesmo tema , vier à conversa Cuzco, direi toda contente que Cuzco é um boneco dos desenhos animados que fala , originalmente, espanhol e que é feio com?a merda.. Era o que faltava envergonhar-me , explicando que Cuzco nome castelhano de Qosqo , em inca, justamente a capital inca , fundada corria o ano de 1100; lugar sagrado do templo do sol, sede do poder e centro de peregrinação religiosa.
O problema é que estar muito tempo calada é fodido. Como o Amor, certo? E quando vi o vosso anúncio , disse de mim para mim: «Ó Ana, manda o CV, assim como assim não tens nada a perder! E já está na altura de mostrares o que vales!» E cá está ele.
Se me aceitarem, podem ter a certezinha que não se arrependem. E levam de brinde o meu Couraçado Potemkin pessoal : o humor!
Que dizeis, rapazes?:)
[Isto é meio a reinar meio a sério. Hoje , dia em que termina o Aviz, só a boa disposição pode salvar.] Ana [8/19/2005 04:10:00 da tarde]
[ quarta-feira, agosto 17, 2005 ]
O que fazer quando tudo arde?
Apagar o fogo. Quando o que está certo é uma evidência, mesmo que tudo arda, urge apagar os fogos; todos os fogos. Sim, falo dos colonatos, em Gaza... Falo daqui. Às vezes , para que o mundo avance, também é preciso saber fechar as bíblias. E deitar abaixo portões. Prender braços e pernas. [ Sofrer. Sempre. É sina de vida.] Às vezes , não olhar para trás, é o único caminho . Em frente.
Estar aqui, sem armas e com bagagens, é não desistir de Israel. Do meu país.